A Pessoa e Obra do Espírito Santo (399)

4) A Santidade como meta (Continuação)

O início do verso 14 não deve ser esquecido: “fazei tudo”. Logo, estes princípios são válidos para todas as áreas da nossa vida. O resultado do cumprimento dos preceitos e da forma como eles seriam cumpridos, redundaria: “Para que vos torneis” (Fp 2.15). Neste texto, para descrever a meta comportamental do cristão, que já é filho de Deus (regeneração), mas que caminha em sua filiação (santificação), Paulo faz uso de três palavras:                                      

a) Irrepreensível (Fp 2. 15): (a)/memptoj)[1] inculpável, inatacável. Quando a palavra se aplica a pessoas tem, em geral, o sentido de “pureza moral”, inculpabilidade diante da lei (Lc 1.6; Fp 3.6). Portanto, esta palavra descreve a postura do cristão no mundo. Ele deve estar acima de qualquer suspeita; ninguém tem de que o acusar.

Paulo orou nesse sentido em relação aos tessalonicenses: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis (a)me/mptwj)[2] na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).

b) Sincero (Fp 2. 15): (a)ke/raioj)[3] puro, simples, sem mistura, sem mescla, não adulterado, íntegro. A palavra é aplicada ao leite que não é misturado com água e, também, à pureza do metal. Descreve o que o cristão deve ser em si mesmo: puro, sincero, sem dissimulação, sem segundas intenções.

Jesus Cristo e o apóstolo Paulo recomendam que assim sejamos: “Eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices (a)ke/raioj) como as pombas” (Mt 10.16). “Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por isso me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem e símplices (a)ke/raioj) para o mal” (Rm 16.19).

c) Inculpável (15): (a)/mwmoj)[4] sem mancha, imaculado, sem nódoa, inocente. Essa palavra, comum no ritual judaico, era empregada para indicar os animais usados para o sacrifício; eles não podiam ter defeito (Ex 29.1; Lv 1.3,10; 3.1,6).[5] Ela descreve uma pureza ética; a ideia predominante é a ausência de qualquer coisa que se constituiria em corrupção diante de Deus. Ela denota, portanto, o que o cristão deve ser diante de Deus. Esta palavra concebe toda a vida humana – em suas multifárias dimensões –, como uma oferenda a Deus.

Fomos eleitos na eternidade para vivermos deste modo: “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis (a)/mwmoj) perante ele” (Ef 1.4). A nossa reconciliação teve também esse propósito: “….vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis (a)/mwmoj) e irrepreensíveis” (Cl 1.22).

As Escrituras declaram que foi assim que Jesus Cristo Se ofereceu vicariamente por nós:

Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula (a)/mwmoj) a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! (Hb 9.14).

Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito (a)/mwmoj) e sem mácula, o sangue de Cristo. (1Pe 1.18-19).

          O nosso consolo é que Deus pelo seu poder nos preservará assim para o encontro com o Senhor Jesus: “Aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados (a)/mwmoj) diante da sua glória” (Jd 24).

          Se dependesse unicamente de nossos poderes, diante da glória de Deus jamais a Igreja poderia ser vista como imaculada, no entanto, é Deus mesmo quem nos apresentará assim em Cristo. Deus nos preserva intocáveis, para que possamos ser apresentados diante do Senhor Jesus, na manifestação da Sua glória. Ninguém tem do que nos acusar; fomos justificados por Cristo (Rm 8.31,33).

Maringá, 02 de fevereiro de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] * Lc 1.6; Fp 2.15; 3.6; 1Ts 3.13; Hb 8.7.

[2] * 1Ts 2.10; 5.23.

[3] * Mt 10.16; Rm 16.19; Fp 2.15.

[4] Ef 1.4; 5.27; (Fp 2.15. Aqui há uma variante textual, que indica um sinônimo, a)mwmhta, talvez por seguir a LXX, Dt 32.5);Cl 1.22; Hb 9.14; 1Pe 1.19; Jd 24; Ap 14.5.

[5] Em todos esses textos, a LXX usa a)/mwmoj.

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