Diáconos e Presbíteros: Servos de Deus no Corpo de Cristo (19)

4.  A Igreja e seus oficiais no Brasil: os primórdios

 

Como temos visto, na Igreja, os pastores,[1] presbíteros e diáconos, são constituídos por Deus para a preservação do rebanho.[2]

A Segunda Confissão Helvética (1562-1566), no capítulo XVIII, falando sobre os “ministros da Igreja”, declara:

 

É verdade que Deus poderia, pelo Seu poder, sem qualquer meio, congregar para Si mesmo uma Igreja de entre os homens; mas Ele preferiu tratar com os homens pelo ministério de homens.[3] Por isso os ministros devem ser considerados não como ministros apenas por si mesmos, mas como ministros de Deus, visto que por meio deles Deus realiza a salvação de homens.

 

A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil caracteriza bem o que é o presbítero e a sua função (Arts 50 e 51), o mesmo fazendo em relação ao diácono (Art 53).

 

            Como sabemos, a Igreja Presbiteriana do Brasil comemora o seu aniversário na data da chegada do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867), em 12/08/1859. No entanto, a Primeira Igreja Presbiteriana a ser organizada no Brasil, foi no dia 12 de janeiro de 1862, na Capital do Império, Rio de Janeiro, à Rua Nova do Ouvidor nº 31, com as duas primeiras Profissões de Fé: Um comerciante, norte-americano, Henry E. Milford (com cerca de 40 anos), natural de New York, que veio para o Brasil como agente da Singer Sewing Machine Company e Camilo Cardoso de Jesus (com cerca de 36 anos),[4] que posteriormente mudou o seu nome para Camilo José Cardoso.[5] Ele era natural da cidade do Porto, Portugal, sendo padeiro e, ex-foguista em barco de cabotagem.[6] Ambos eram assíduos desde o início dos trabalhos promovidos por Simonton.[7]

 

Nesta ocasião foi celebrada a Santa Ceia pela primeira vez,[8] sendo ministrada pelo Rev. F.J.C. Schneider (1832-1910)[9] e pelo Rev. A. G. Simonton, em inglês e português.[10]

 

No entanto, os primeiros oficiais da Igreja Presbiteriana no Brasil só foram eleitos em 1866:

 

            Os Diáconos em 02/04/1866; eram três: Guilherme Ricardo Esher (de origem irlandesa), Camilo José Cardoso (de origem portuguesa) e Antonio Pinto de Sousa (brasileiro).

 

Os Presbíteros em 07/07/1866; eram dois: Guilherme R. Esher e Pedro Perestrello da Câmara (primo do futuro Rev. Modesto Carvalhosa) (de origem portuguesa). Todos foram ordenados no dia 09/07/1866, permanecendo Guilherme R. Esher como Presbítero.[11] Assim, temos os primeiros Presbíteros Regentes e Diáconos do Presbiterianismo nacional.

 

Maringá, 21 de junho de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

*Confira esta série completa aqui


[1]Quanto à responsabilidade dos pastores, Vejam-se: João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, (1Tm 3.15), p. 97-98; João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 3.5ss), p. 101ss.

[2] Calvino, falando com a autoridade e a experiência de um eficiente pastor, escreve em 1548: “Os pastores piedosos e probos terão sempre que manter esta luta de desconsiderar as ofensas daqueles que querem desfrutar de vantagem em tudo. Pois a Igreja terá sempre em seu seio pessoas hipócritas e perversas, as quais preferem suas próprias cobiças à Palavra de Deus. E mesmo as pessoas boas, quer por alguma ignorância quer por alguma fraqueza, são às vezes tentadas pelo diabo a ficar iradas com as fiéis advertências de seu pastor. É nosso dever, pois, não ficar alarmados por quaisquer gêneros de ofensas, contanto, naturalmente, que não desviemos de Cristo nossas débeis mentes” (João Calvino, Gálatas, (Gl 1.10), p. 36-37). “A tarefa dos mestres consiste em preservar e propagar as sãs doutrinas para que a pureza da religião permaneça na Igreja” (João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 12.28), p. 390).

[3] No século XVII, Turretini escreveria: “…. Não negamos que Deus poderia, se quisesse, ter convertido e salvo os homens imediatamente por si só, sem o ministério dos homens” (François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 3, p. 262).

[4]Ashbel G. Simonton, Diário, 1852-1867, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana; O Semeador, 1982, 14/01/1862; Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, Rio de Janeiro: Casa Editora Presbyteriana, 1902, p. 7-8.

[5]Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 8.

[6]Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, Rio de Janeiro: Casa Editora Presbyteriana, 1902, p. 7-9; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981, p. 24; Júlio A. Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, v. 1, p. 28.

[7]Diário, 25/11/61; 31/12/61; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 24, Veja-se nota 131.

[8]Relatório de Simonton apresentado ao Presbitério do Rio de Janeiro no dia 10/07/1866: In: Coleção Carvalhosa – Relatórios Pastorais, 1866-1875, p. 4. (Fonte manuscrita).

[9]O Rev. Schneider chegou ao Brasil em 7/12/1861. Foi ele quem traduziu, entre outros, o livro de Charles Hodge, O Caminho da Vida, New York: Sociedade Americana de Tractados (s.d.), 300p., e o de seu filho, A.A. Hodge, Esboços de Theologia, Lisboa: Barata & Sanches, 1895, 620p.

[10]Diário, 14/01/1862.

[11]Vejam-se: Atas da Igreja do Rio de Janeiro; Relatório de Simonton apresentado ao Presbitério do Rio de Janeiro no dia 10/07/1866: In: Coleção Carvalhosa Relatórios Pastorais, 1866-1875, p. 7-8. (Fonte manuscrita); Vicente T. Lessa, Annaes da 1ª Egreja Presbyteriana de São Paulo, São Paulo: Edição da 1ª Egreja Presbyteriana Independente, 1938, p. 41; Rev. Antonio Trajano, Esboço Historico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 8; Júlio A. Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, v. 1, 28-29.

One thought on “Diáconos e Presbíteros: Servos de Deus no Corpo de Cristo (19)

  • 30 de junho de 2019 em 18:03
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    Penso que servir é um dom, talvez o mais difícil de se exercer.

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