A Santidade de Deus e a necessidade de arrependimento: uma pregação urgentemente necessária (4)

Santo e pecadores

 

Devido à depravação de nossa natureza – todos pecamos e somos responsáveis diante de Deus –, a proximidade de Deus nos faz mais sensíveis a essa realidade de pecado e impureza. A contemplação da Sua gloriosa santidade realça de forma eloquente a gravidade de nosso pecado.[1]

 

Schaeffer (1912-1984) coloca a questão nestes termos:

 

Nós pecamos deliberadamente contra o santo de Deus; é por isso que a nossa situação é desesperadora. (…)

O problema não está na quantidade de pecados que praticamos, mas em quem ofendemos. Nós pecamos contra um Deus infinitamente santo, que realmente existe. E, a partir do momento em que pecamos contra um Deus infinitamente santo, que realmente existe, nosso pecado é infinito.[2]

 

Diversos servos de Deus ilustram a seriedade da percepção concreta da santidade do Senhor e responderam a isso:

 

Pedro, após pesca maravilhosa, registra Lucas, “prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8).

 

Algo muito curioso aconteceu aqui. Aqueles que conheciam a Cristo, em geral, desejavam a sua presença, ter sua companhia, ouvir suas palavras e se beneficiar de seus milagres. Pedro no entanto, quando se depara com Cristo, vendo de forma estupefata o seu poder, se aterroriza de si mesmo: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8).

 

Pecadores não arrependidos não podem se sentir à vontade na presença do Deus santo.[3] A glória da majestade de Deus revela de forma contundente e vergonhosa a nossa condição de miseráveis pecadores.

 

Paulo, o apóstolo de Cristo, que tinha uma visão correta da glória de Deus e uma genuína dimensão espiritual da pecaminosidade humana, escreve: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15).

 

Esta experiência foi comum também a diversos servos de Deus: Moisés, Jó, Isaías, Ezequiel, Daniel e João (Vejam-se: Ex 3.6; Jó 42.5-6; Is 6.1-5; Ez 1.28; Dn 10.9; Ap 1.17).

 

O fato é que jamais poderemos sentir a necessidade de arrependimento e de sermos santos sem que antes e durante, tenhamos a consciência de nosso pecado.

 

De modo enfático assevera Lloyd-Jones (1899-1981): “Nunca houve um santo sobre a face da terra que não tenha visto a si mesmo como um vil pecador; de modo que se você não sente que é um vil pecador, não é parecido com os santos”.[4]

 

No entanto, como o nosso conhecimento de Deus é menor do que estes homens tiveram, a nossa consciência do pecado também é diminuta. A contemplação da santidade de Deus ilumina as nossas trevas, mostrando-nos como realmente somos e o quanto necessitamos de Deus.

 

É somente a partir de nossa relação restabelecida com o Deus santo por meio de Jesus Cristo, que começamos a enxergar a realidade – incluindo a nós mesmos em nossa pecaminosidade – de forma diferente. Isto fará mudar a nossa forma de pensar e agir.

 

 

Maringá, 24 de janeiro de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

*Acesse aqui esta série de estudos completa


[1] “A seriedade do insulto aumenta com a dignidade daquele que é insultado” (John Piper, A Paixão de Cristo, São Paulo: Mundo Cristão, 2006, p. 22). “A santidade é, sem dúvida, o mais importante de todos os atributos de Deus” (John MacArthur, Deus: Face a face com sua majestade, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2013, p. 47).

[2]Francis Schaeffer. A Obra Consumada de Cristo, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 75.

[3] Sproul desenvolve esse argumento de forma habilidosa e edificante. Veja-se: R.C. Sproul, A santidade de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 66ss.

[4] David M. Lloyd-Jones, O Clamor de um Desviado: Estudos sobre o Salmo 51, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997, p. 40.

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