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Os eleitos de Deus e o seu caminhar no tempo e no teatro de Deus (5) - Hermisten Maia

Os eleitos de Deus e o seu caminhar no tempo e no teatro de Deus (5)

2.1.2. No Novo Testamento

Nas páginas do Novo Testamento, encontramos no verbo grego E)kle/gomai (“Eklégomai” = “Escolher”, “eleger”, “selecionar”) e seus cognatos, o mesmo sentido de “Bãhar” do Antigo Testamento. Um outro verbo muito comum no Grego clássico[1] –, porém usado pouco no Novo Testamento (apenas 3 vezes), é Ai(re/omai (“Hairéomai” = “escolher”, “preferir”).(* Fp 1.22; 2Ts 2.13; Hb 11.25).

 

 E)kle/gomai, ocorre 20 vezes no Novo Testamento; o adjetivo E)kle/ktoj (“Ekléktos” = “eleito”, “escolhido”, “selecionado”), é usado 23 vezes, indicando a pessoa ou coisa escolhida. O substantivo E)klogh/ (“Eklogë” = “Seleção“, “escolha”, “eleição”), é empregado 7 vezes.

1) Sentido geral

1)        A escolha que Maria fez da melhor parte: Lc 10.42.

2)        A escolha dos melhores lugares: Lc 14.7.

3)        Escolher entre a morte e a vida: Fp 1.21-23 (“Ai(re/omai”).

4)        Escolher ser fiel ao seu povo: Hb 11.24,25 (“Ai(re/omai”).

2) Sentido Teológico:

1) Escolha do Messias: Lc 9.35; 23.35; 1Pe 2.4,6/Is 28.16. Conforme já mencionamos, quando esta escolha se refere ao Messias, ela “aponta para o ofício sem paralelo e distintivo que Lhe foi investido, bem como para o deleite peculiar que Deus Pai tem por Ele”.[2]

2) A eleição de Israel como povo de Deus: At 13.17/Rm 11.5.

3) A Eleição dos anjos: 1Tm 5.21. A expressão aplicada aos anjos parece referir-se àqueles que, amados por Deus, foram capacitados pela graça a perseverarem na sua condição original, sendo por isso, confirmados por Deus.[3]

4) A escolha de pessoas feita diretamente por Deus ou, através da Igreja, para uma tarefa específica: At 6.5; 9.15; 15.7,22,25.

5) A escolha dos doze apóstolos e de Matias: Lc 6.13; Jo 6.70; 15.16; At 1.2,24-26.

6) A eleição de pessoas para serem salvas:

 

Esta escolha tem o caráter teológico-redentivo, que é o assunto dessas anotações. (Mt 22.14; Rm 11.5; 1Co 1.27,28; Ef 1.4; 1Ts 1.4; Tg 2.5; 1Pe 1.2; 2Pe 1.10; [2Ts 2.13 (“Hairéomai”)].

3. Definição da doutrina

Tomaremos aqui, a definição clássica, formulada no Sínodo de Dort (1618-1619):

Eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de Sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído, por sua própria culpa, de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, mas envolvidos na mesma miséria.[4]

 

Podemos dizer que a Eleição é o ato eterno de Deus, por meio do qual, Ele decretou – livre, soberana e misericordiosamente – salvar em Cristo Jesus um determinado número de homens – dentre toda a raça humana voluntariamente caída –, aplicando, no decorrer da História a Sua Graça Redentora, capacitando-os, pelo Espírito Santo, a responderem com fé, à mensagem redentiva de Cristo, sendo preservados assim, até o fim.[5]

 

Fortaleza, 30 de março de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

Leia esta série completa aqui.

 


[1] Veja-se: G. Nordholt, Eleger: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1982, v. 2, p. 26.

[2] J. Murray, Elegido, Eleccion: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, Michigan: T.E.L.L., 1985, p. 185.

[3] Estes “anjos eleitos” podem ser identificados como “santos anjos”, contrastando com aqueles que pecaram (2Pe 2.4; Jd 6). (Vejam-se: L. Berkhof, Teologia Sistemática, 145; João Calvino, As Pastorais (1Tm 5.21), p. 154; G. Hendriksen, 1 y 2Timoteo/Tito, Michigan: Subcomision Literatura Cristiana, 1979, p. 208-209; G. Quell, E)kle/gomai: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1983 (Reprinted), v. 4, p. 185.

[4] Cânones de Dort, São Paulo: Cultura Cristã, (s.d), I.7.

[5] “A graça começa, continua e termina a obra da salvação no coração de uma pessoa” (C.H. Spurgeon, Sermões sobre a Salvação, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 45).

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