Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (5) – A Doutrina da Trindade: Definição, compreensões e incompreensões

Este artigo é continuação do: Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (4) – Os Credos e as Confissões como expressões de fé e conhecimento

Acesse aqui esta série de estudos completa.


Um único Deus é a Trindade. – Décimo Primeiro Concílio de Toledo (675).1

 

Ela (Trindade) é, em certo sentido, a mais excelsa e a mais gloriosa de todas as doutrinas, a coisa mais espantosa e estonteante que aprouve a Deus revelar-nos sobre Si mesmo – D.M. Lloyd-Jones.2

 

Na quarta-feira interrompi a sequência desse assunto para tratar da oração. Creio que entramos em um tema difícil para o qual a nossa mente, como em tantos outros, é incapaz de tratar adequadamente. Por outro lado, tudo o que foi revelado deve ser alvo de nossas pesquisas visando a conhecer mais a Deus a fim de cultuá-lo de forma mais intensa e reverente. Com esse espírito, continuemos nossos esboços.

Para expressar a verdade bíblica de que o Ser de Deus subsiste em Três Pessoas, a teologia cristã usa o termo Trindade, palavra esta que não se encontra na Bíblia, mas, sim, o seu ensinamento. A expressão Trindade é proveniente do latim trinitas, derivando-se do termo trinus (= triplo), ao que veio corresponder outro sinônimo: tríade, do grego tri/aj que significa um conjunto de três.

Até onde sabemos, Teófilo de Antioquia (c. 115-181) – em uma apologia a respeito do Cristianismo –, foi possivelmente o primeiro a usar a palavra Trindade (tri/aj) (trías).3 Tertuliano (c. 155-220) foi o primeiro a usar o termo latino Trinitas4 e, também, o primeiro a tentar sistematizar esta doutrina, ainda que o tenha feito de forma deficiente, subordinando o Filho e o Espírito ao Pai.5

Esta doutrina é uma das marcas características do Cristianismo, sendo fundamentalmente dependente da revelação bíblica.6 Ela, conforme veremos, sofreu ao longo da história diversos ataques, muitos dos quais resultantes de uma compreensão limitada e errada dos ensinamentos bíblicos.

Herman Bavinck (1854-1921) acentua:

O artigo sobre a santa Trindade é o coração e o núcleo de nossa confissão, a marca registrada de nossa religião, e o prazer e o conforto de todos aqueles que verdadeiramente creem em Cristo.

Essa confissão foi a âncora na guerra de tendências através dos séculos. A confissão da santa Trindade é a pérola preciosa que foi confiada à custódia da Igreja Cristã.7

Ainda à guisa de introdução, devemos enfatizar que este ensinamento não é decorrente – como alguns equivocadamente pensam –, de especulação humana; antes, a nossa dependência na formulação e compreensão desta doutrina é unicamente da iluminação do Espírito por intermédio da Palavra. As Escrituras Sagradas contém elementos suficientes para a formulação deste ensino. Esta doutrina é tão surpreendente que jamais poderia ter sido inventada pelo homem; ela é resultado da Revelação Especial de Deus que nos foi concedida para que conheçamos o Trino Deus e o adoremos.

Preferimos a palavra Triunidade por acreditar que ela expressa melhor o ensinamento bíblico de que há um só Deus que subsiste em Três Pessoas. No entanto, usaremos os termos Trindade e Triunidade de forma intercambiável.

É necessário enfatizar que quando nos aproximamos deste tema para estudá-lo, temos de fazê-lo com reverente temor e humildade, reconhecendo a grandiosidade do assunto e a nossa limitação para entendê-lo de forma adequada e explicá-lo de modo correto.

A palavra Triunidade traz em seu bojo quatro ideias fundamentais embasadas nas Escrituras, a saber:

1) O Pai é Deus;

2) O Filho é Deus;

3) O Espírito é Deus;

4) Estes três são um só Deus.8

Vejamos agora algumas definições e exposições Confessionais desta doutrina:

 

Confessamos e reconhecemos um só Deus (…). Um em substância e, contudo, distinto em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.9

 

Cremos e ensinamos que o mesmo Deus imenso, uno e indiviso é inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoa – Pai, Filho e Espírito Santo – e, assim como o Pai gerou o Filho desde a eternidade, o Filho foi gerado por inefável geração, e o Espírito Santo verdadeiramente procede de um e outro, desde a eternidade e deve ser com ambos adorado.

Assim, não há três deuses, mas três pessoas, consubstanciais, coeternas e coiguais, distintas quanto às hipóstases e quanto à ordem, tendo uma precedência sobre a outra, mas sem qualquer desigualdade. Segundo a natureza ou essência, acham-se tão unidas que são um Deus, e a essência divina é comum ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.10

 

Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém – não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho.11

 

As igrejas ensinam entre nós com magno consenso que o decreto do Concílio de Nicéia sobre a unidade da essência divina e sobre as três pessoas é verdadeiro e deve ser crido sem qualquer dúvida. A saber: que há uma só essência divina, a qual é chamada Deus e é Deus, eterno, incorpóreo, impartível, de incomensurável poder, sabedoria, bondade, criador e conservador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. E, contudo há três pessoas, da mesma essência e poder, e coeternas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E a palavra ‘pessoa’ usam-na no sentido em que a usaram, nesta questão, os escritores eclesiásticos, para significar não uma parte ou qualidade em outra coisa, mas aquilo que subsiste por si mesmo.12

 

Conforme esta verdade e esta palavra de Deus, cremos em um só Deus, que é um único ser, em que há três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estas são, realmente e desde a eternidade, distintas conforme os atributos próprios de cada Pessoa.

O Pai é a causa, a origem e o princípio de todas as coisas visíveis e invisíveis. O Filho é o Verbo, a sabedoria e a imagem do Pai. O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é a eterna força e o poder.

Esta distinção não significa que Deus está dividido em três. Pois a Sagrada Escritura nos ensina que cada um destes três, o Pai e o Filho e o Espírito Santo, tem sua própria existência, distinta por seus atributos, de tal maneira, porém, que estas três pessoas são um só Deus. É claro, então, que o Pai não é o Filho e que o Filho não é o Pai; que, também, o Espírito Santo não é o Pai ou o Filho.

Entretanto, estas Pessoas, assim distintas, não são divididas nem confundidas entre si. Porque somente o Filho se tornou homem, não o Pai ou o Espírito Santo. O Pai jamais existiu sem seu Filho e sem seu Espírito Santo, pois todos os três têm igual eternidade, no mesmo ser. Não há primeiro nem último, pois todos os três são um só em verdade, em poder, em bondade e em misericórdia.13

Esta doutrina pode decompor-se nas seguintes proposições:14

1) Há no Ser Divino uma só essência (ou)si/a)(ousía) indivisível

No “Shemá” a instrução iniciava com a afirmação de que há somente um Deus: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4).

No Novo Testamento Paulo instrui aos Efésios: “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.4-6). (Tg 2.19).

A compreensão da Igreja é de que não há diferença na essência de Deus; Deus é um ser simples, não composto. A afirmação da Igreja, conforme veremos em outro momento, é de que há apenas uma essência na Trindade partilhada pelas três pessoas,15 havendo distinção, mas não separação entre elas. A essência “é o fundamento de sua unidade comum, apesar da distinção em suas manifestações exteriores” (Alister E. McGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 376).

2) No Ser de Deus há três Pessoas

A Bíblia demonstra haver três pessoas na Triunidade; entretanto, sabemos que o termo Pessoa é uma expressão imperfeita e, portanto, inadequada para retratar a mensagem bíblica. Naturalmente as expressões são limitadas16 para descrever o Ser de Deus. O nosso esforço é no sentido de utilizar os termos que melhor exprimem o ensinamento bíblico.17

As Escrituras afirmam haver um só Deus, mas, que subsistem em três Pessoas. Calvino (1509-1564) assim define Pessoa: “Designo como pessoa, portanto, uma subsistência na essência de Deus que, enquanto relacionada com as outras, se distingue por uma propriedade incomunicável”.18 Adiante, acrescenta: “Com efeito, em cada e qualquer das hipóstases a natureza inteira se compreende, com isto, que lhe subjaz, a cada uma, a sua propriedade específica. O Pai está todo no Filho, o Filho todo no Pai….”.19 (Ver: Mt 3.16-17; 4.1; Jo 1.1-3,18; 3.16; 5.20-22; 14.26; 15.26; 16.13-15).

Berkhof (1873-1957) comentando a primeira distinção feita por Calvino, observa:

 

Isso é perfeitamente permissível e pode proteger-nos de entendimento errôneo, mas não deve levar-nos a perder de vista o fato de que as autodistinções do Ser Divino implicam um “Eu” e “Tu” no Ser de Deus, que assumem relações pessoais uns para com os outros.20

 

3) A essência de Deus pertence totalmente por igual a cada uma das Três Pessoas

A essência divina não está dividida entre as três pessoas como se fossem modulares e independentes. Deus é plenamente as Três Pessoas com todas as Suas perfeições; isto equivale a dizer que as Três Pessoas da Trindade tem a mesma essência: O Deus Pai é tanto Deus Filho como Deus Espírito Santo. Portanto, não há subordinação de essência (ontológica); não há nenhuma diferença em dignidade pessoal. A única subordinação que podemos falar é a da que se refere à ordem e à relação.21

4) A Igreja confessa que a Triunidade é um Mistério que transcende a compreensão do homem

A Triunidade “é inteligível em algumas de suas relações e de seus modos de manifestação, mas é ininteligível em sua natureza essencial”.22 As especulações sobre o assunto no decorrer da história geraram heresias como o triteísmo e o modalismo23 que ora negava a essência una de Deus, ora negava as distinções pessoais dentro da essência.24

É preciso que entendamos que não compete à Igreja explicar o mistério da Trindade; ela, partindo da Escritura, apenas o descreve de forma mais ou menos sistemática, formulando a doutrina de tal forma que evite os erros e as heresias.

Calvino com a cautela costumeira diante do mistério, nos adverte pastoralmente sobre o perigo da especulação indevida:

Aqui, mui certamente, se alguma vez, em qualquer parte, nos recônditos mistérios da Escritura, importa discorrer sobriamente e com muita moderação, aplicada, ademais, muita cautela, para que, seja o pensamento, seja a língua, não avance além do ponto a que se estendam os limites da Palavra de Deus. Pois, como haja a mente humana, que ainda não pode estatuir ao certo de que natureza seja a massa do sol, que, entretanto, diariamente com os olhos se vê, de à sua parca medida reduzir a imensurável essência de Deus? (…) Pelo infelicíssimo resultado de qual temeridade importa-nos ser advertidos, para que tenhamos o cuidado de aplicar-nos a esta questão com docilidade mais do que com sutileza, nem incutamos no espírito ou investigar a Deus em qualquer outra parte que em Sua Sagrada Palavra, ou a Seu respeito pensar qualquer cousa, a não ser que lhe vá à frente a Sua Palavra, ou falar que não o tomado dessa mesma Palavra.

Ora, se a distinção que em uma só é única divindade subsiste de Pai, Filho e Espírito, posto que é difícil de apreender-se, causa a certos espíritos mais dificuldade e problema do que é justo, lembrar-se devem de que as mentes humanas penetram em um labirinto25 quando cedem à sua curiosidade e, destarte, por mais que não alcancem a altura do mistério, deixem-se reger dos oráculos celestes.26

Agostinho (354-430), conclui a sua monumental obra Da Trinitate – que se tornaria decisiva para toda formulação cristológica posterior – com uma humilde e reverente oração: “Senhor, único Deus, Deus Trindade, tudo o que disse de ti nestes livros, de ti vem. Reconheçam-no os teus, e se algo há de meu, perdoa-me e perdoem-me os teus. Amém”.27

Maringá, 21 de novembro de 2018.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


 

1Apud Alister E. McGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 384.

2D. M. Lloyd-Jones, Deus o Pai, Deus o Filho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, (Grandes Doutrinas Bíblicas, v. 1), 1997, p. 114.

3“Os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade….” (Theophilus to Autolicus, II.15. In: Alexander Roberts; James Donaldson, eds. The Ante-Nicene Fathers, Buffalo: The Christian Literature Company, 1886, v. 2, p. 101. Em português: Teófilo de Antioquia, Segundo Livro a Autólico, 15. In: Padres Apologistas, São Paulo: Paulus (Patrística, 2), 1995, p. 246. Ver também: William G.T. Shedd, Dogmatic Theology, Grand Rapids, Michigan: Zondervan, © 1888 (Reprinted), v. 1, p. 267; A.A. Hodge, Esboços de Theologia, Lisboa: Barata & Sanches, 1895, p. 148; B. Studer, Trindade: In: Ângelo Di Berardino, org. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Paulinas, 2002, p. 1387.

4 Tertuliano foi pródigo na criação de neologismos na língua latina (Ver estatísticas em: Alister E. McGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 375). Veja-se: Jaroslav Pelikan, A tradição cristã: uma história do desenvolvimento da doutrina: O surgimento da tradição católica 100-600, v. 1, São Paulo: Shedd Publicações, 2014, p. 121.

5 Ver: Tertullian, Agains Praxeas, II. In: Alexander Roberts; James Donaldson, eds. The Ante-Nicene Fathers, Buffalo: The Christian Literature Company, 1886, v. 3, p. 598. Extratos do texto encontram-se também em: Cirilo Folch Gomes, (compilador). Antologia dos Santos Padres, 2. ed. (revista e ampliada), São Paulo: Paulinas, 1980, p. 165-167. Berkhof diz que “Tertuliano foi o primeiro a declarar claramente a tri-personalidade de Deus e a manter a unidade substancial das três Pessoas. Mas não chegou a exprimir de forma clara a doutrina da Trindade” (Louis Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 77).

6 Cf. Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Hagnos, 2003, v. 1, p. 452.

7 Herman Bavinck, Our Reasonable Faith, 4. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1984, p. 145.

8 Para uma classificação um pouco diferente, ver: Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Hagnos, 2003, v. 1, p. 452.

9 A Confissão Escocesa (1560), Cap. I. In: Livro de Confissões, São Paulo: Missão Presbiteriana do Brasil Central, 1969, § 3.01.

10 A Segunda Confissão Helvética (1562-1566), Cap. III. In: Livro de Confissões, São Paulo: Missão Presbiteriana do Brasil Central, 1969, §§ 5.016-5.017.

11 Confissão de Westminster, Cap. II.3. Ver também: Catecismo Maior de Westminster, Perguntas 9-11 e Catecismo Menor de Westminster, Pergunta 6.

12 A Confissão de Augsburgo, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1980, Art. I, p. 17.

13 Confissão Belga, Art. 8.

14 Esquema adaptado de Berkhof (Louis Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 88-91).

15 “Pai, Filho e Espírito Santo, cada um possui toda a substância e todos atributos da divindade. A pluralidade de Deus não é, portanto, pluralidade de essência, mas de distinções hipostáticas ou pessoais” (Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Hagnos, 2003, v. 1, p. 492).

16“Tendo criado o homem para ser uma criatura sociável, Deus não só lhe inspirou o desejo e o colocou na necessidade de viver com os de sua espécie, mas outorgou-lhe igualmente a faculdade de falar, faculdade que deveria constituir o grande instrumento e o laço comum desta sociedade. É daí que provêm as palavras, as quais servem para representar, e até para explicar as ideias” (G.W. Leibniz, Novos Ensaios São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 19), 1974, III.1. § 1, p. 167).

17 Ver: João Calvino, As Institutas, I.13.3; Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Hagnos, 2003, v. 1, p. 491; Albertus Pieters, Fundamentos da Doutrina Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1979, p. 179.

18João Calvino, As Institutas, I.13.6.

19 João Calvino, As Institutas, I.13.19.

20Louis Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 89. Veja-se também: A. B. Langston, Esboços de Teologia Sistemática, 7. ed. Rio de Janeiro: JUERP., 1983, p. 119ss.

21 Ver: Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 90; João Calvino, As Institutas, I.13.19.

22Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 91.

23 Termo introduzido por Adolf von Harnack (1851-1930) para descrever as heresias de Noetus, Práxeas e Sabélio (Cf. Alister E. McGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 382).

24 Como acentua Berkhof, “Os numerosos esforços feitos para explicar o mistério foram especulativos, e não teológicos. Invariavelmente redundaram no desenvolvimento de conceitos triteístas ou modalistas de Deus, na negação ou da unidade da essência divina ou da realidade das distinções pessoais dentre da essência” (Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 91).

25 Figura semelhante Calvino empregou para falar a respeito da doutrina da Eleição. “Quando os homens quiserem fazer pesquisa sobre a predestinação, é preciso que se lembrem de entrar no santuário da sabedoria divina. Nesta questão, se a pessoa estiver cheia de si e se intrometer com excessiva autoconfiança e ousadia, jamais irá satisfazer a sua curiosidade. Entrará num labirinto do qual nunca achará saída. Porque não é certo que as coisas que Deus quis manter ocultas e das quais Ele não concede pleno conhecimento sejam esquadrinhadas dessa forma pelos homens. Também não é certo sujeitar a sabedoria de Deus ao critério humano e pretender que este penetre a Sua infinidade eterna. Pois Ele quer que a Sua altíssima sabedoria seja mais adorada que compreendida (a fim de que seja admirada pelo que é). Os mistérios da vontade de Deus que Ele achou bom comunicar-nos, Ele nos testificou em Sua Palavra. Ora, Ele achou bom comunicar-nos tudo o que viu que era do nosso interesse e que nos seria proveitoso” (João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.8.1), p. 38). “Aprendamos, pois, a evitar as inquirições concernentes a nosso Senhor, exceto até onde Ele nos revelou através da Escritura. Do contrário, entraremos num labirinto do qual o escape não nos será fácil” (João Calvino, Romanos, 2. ed. São Paulo: Parakletos, 2001, (Rm 11.33), p. 426-427).

26João Calvino, As Institutas, I.13.21.

27Santo Agostinho, A Trindade, São Paulo: Paulus, 1994, (Patrística, 7), XV.28, p. 557.

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