Teologia da Evangelização (149)

 4.3.5.2.  A Ressurreição de Jesus Cristo

A morte de Cristo que parecia uma vitória de satanás sobre o Reinado do Senhor, não o foi, antes, foi a realização do propósito de Deus.

  A ressurreição de Cristo é o coroamento do seu Ministério terreno, assinalando a sua vitória definitiva. Ela, portanto, é repleta de significado para o Ministério de Cristo e, consequentemente, para a vida da Igreja, que é o seu Corpo. Sem a ressurreição a obra de Cristo seria nula, a Igreja não existiria, não haveria salvação; estaríamos todos perdidos para sempre! “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos….” (1Co 15.20); esta é a fé da Igreja; [1] é nossa certeza. Estudemos, agora, este tema de tão grande importância.

          Paulo pregando em Antioquia demonstra esta realidade citando o Salmo 2:

32 Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais,  33 como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.  34 E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi.  35 Por isso, também diz em outro Salmo: Não permitirás que o teu Santo veja corrupção.  36 Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção.  37 Porém aquele a quem Deus ressuscitou não viu corrupção (At 13.32-37).

          Da mesma forma escreve aos Romanos: “E foi designado  (o(ri/zw) (determinado, constituído, destinado)[2] Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). Detalhemos um pouco mais esse assunto.

4.3.5.2.1. A Ressurreição de Cristo foi predita

4.3.5.2.1.1. Predita pelos Profetas

A doutrina da ressurreição encontra no Antigo Testamento apenas pequenos vislumbres, sendo aclarada totalmente no Novo Testamento, especialmente após a ressurreição de Jesus Cristo.[3] Todavia, ali temos indícios suficientes da morte e ressurreição do Messias. Tais referências tornam-se mais claras, à luz da interpretação dada por Jesus e pelos apóstolos, os quais juntamente com os profetas, constituem-se no modelo perene e fiel de interpretação da Palavra.

Davi escreve profeticamente: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Sl 16.10).Pedro interpretando[4] esta passagem, diz:

Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente, a respeito do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado e o seu túmulo permanece entre nós até hoje. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono; prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. (At 2.29-32).

          Como indicativo das referências veterotestamentárias alusivas à ressurreição de Jesus Cristo, à luz das interpretações de Jesus e dos apóstolos vejamos os textos abaixo:

            Salmo 16.10: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”.

          Isaías 26.19: “Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos”.

          Oséias 6.2: Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele”.

          Lucas 24.27; 44-46: 27 E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras. 44 A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45 Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46 e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia”.

          Atos 13.32-37: 32 Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, 33 como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. 34 E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi. 35 Por isso, também diz em outro Salmo: Não permitirás que o teu Santo veja corrupção. 36 Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção. 37 Porém aquele a quem Deus ressuscitou não viu corrupção”.

          Atos 26.22-23: 22 Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer, 23 isto é, que o Cristo devia padecer e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciaria a luz ao povo e aos gentios.

  Maringá, 15 de janeiro de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] “A Cristandade descansa na certeza da ressurreição de Jesus como uma ocorrência no espaço-tempo da história” (J.I. Packer, Teologia Concisa, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1999, p. 119).

[2]* Lc 22.22; At 2.23; 10.42; 11.29; 17.26,31; Rm 1.4; Hb 4.7.

[3] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A Literatura Apocalíptica Judaica, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985, passim.

[4] “A fé cristã primitiva reinterpretou o Antigo Testamento à luz dos novos eventos revelatórios de Cristo. Isto não equivale, necessariamente, a que haja uma relação matemática – uma por uma – entre a profecia e seu cumprimento. Significa que a corrente inteira da história e a profecia do Antigo Testamento se cumprem em Cristo” (George E. Ladd, Creo en la Resurreccion de Jesus, Miami, Florida: Editorial Caribe, 1977, p. 142).

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