Teologia da Evangelização (150)

4.3.5.2.1.2. Predita pelo próprio Jesus

Como temos dito, Jesus Cristo tinha perfeita consciência da sua missão. Esta consciência envolvia também a certeza da sua ressurreição; por isso, Ele a anunciou como fato que se sucederia à sua morte, a qual também era evidentemente certa.

          Curiosamente, seus discípulos pareciam entender apenas parte do que dizia: o sofrimento e a morte, não a ressurreição e a glória. Vejamos alguns exemplos: Depois da resposta de Pedro, identificando a Jesus como o Cristo, relata Mateus:

           “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mt 16.21).

          Em outra ocasião: “Reunidos eles na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens; e estes o matarão; mas, ao terceiro dia, ressuscitará. Então, os discípulos se entristeceram grandemente” (Mt 17.22-23).

          “Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e, em caminho, lhes disse: Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá” (Mt 20.17-19).

          “Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos” (Mc 9.9-10) (Vejam-se também: Mt 26.31-32).

          O Senhor ressuscitado, no caminho de Emaús, diz àqueles dois discípulos desanimados: “…. Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24.25-27).

4.3.5.2.2. A Ressurreição de Cristo como fato incontestável

A primeira tentativa de se negar a ressurreição de Cristo foi feita pelos próprios sacerdotes judeus. Justamente aqueles que deveriam se arrepender de seus erros, tentam, diante das evidências dos fatos, ocultar a verdade mediante suborno (Cf. Mt 28.11-15).[1] Entretanto, eles nada podiam fazer de eficaz contra a realidade do Senhor Jesus ressurreto.

          Aqui não nos ocuparemos com as tentativas dos incrédulos em negar o fato da ressurreição; para nós, basta o que a Bíblia nos diz; todavia, apresentaremos alguns elementos bíblicos que manifestam com clareza a realidade da ressurreição de Cristo.

4.3.5.2.2.1. O túmulo vazio

Mateus registra que um anjo do Senhor removeu a pedra (de cerca de duas toneladas)[2] que fechara o sepulcro de Jesus (Mt 28.2-4);[3] certamente isto não foi feito para que Jesus pudesse sair, visto que a matéria não servia de empecilho para o corpo glorificado do Senhor ressurreto (Cf. Jo 20.19,26).[4] Todavia, isto foi feito, segundo me parece, a fim de que primeiramente Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27.56,61; 28.1),[5] pudessem constatar com os seus próprios olhos o túmulo vazio (Lc 24.1-3)[6] e, posteriormente, também o fizessem João e Pedro (Jo 20.1-10).[7]

          O túmulo continuou vazio como evidência concreta da ausência do corpo de Jesus. Contudo, o túmulo vazio pode ser explicado de três formas: 1) Os discípulos de Jesus levaram o corpo; 2) Os inimigos de Jesus levaram o corpo; ou 3) Ele realmente ressuscitou.

          Analisemos rapidamente as possibilidades: Quanto à primeira, podemos observar que não aconteceu, pois eles ficaram desanimados e desesperados com a morte de Jesus, não esperando ressurreição alguma (Cf. Lc 24.17-21;36,37);[8] e, mesmo que eles tentassem raptar o corpo de Jesus, isto seria impossível visto que havia uma escolta de sobreaviso guardando o túmulo (Cf. Mt 27.62-66).[9]

          O mesmo é válido para a possibilidade dos inimigos de Jesus tentarem roubar o seu corpo; e, também, por que eles fariam isso? Para dar uma pista errada aos crédulos? Ora, se fosse assim, e o rapto tivesse ocorrido, quando os discípulos começassem a proclamar a ressurreição de Cristo, eles viriam a público apresentando o corpo morto de Cristo ou alguma evidência irrefutável, silenciando definitivamente a pregação apostólica e pondo fim à mensagem da Igreja de Cristo. Entretanto eles silenciaram; tentaram pela força fazê-los calar, visto que não tinham como argumentar contra a evidência do túmulo vazio. Jesus realmente ressuscitou!

  Maringá, 15 de janeiro de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]“E, indo elas, eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais sacerdotes tudo o que sucedera. 12 Reunindo-se eles em conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados, 13 recomendando-lhes que dissessem: Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos. 14 Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos e vos poremos em segurança. 15 Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje” (Mt 28.11-25).

[2] Cf. Josh McDowell, As Evidências da Ressurreição de Cristo, São Paulo: Candeia, 1985, p. 77-78.

[3]“2 E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. 3 O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. 4 E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos” (Mt 28.2-4).

[4]“19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! 26 Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!” (Jo 20.19,26).

[5]56 Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mulher de Zebedeu.  61 Achavam-se ali, sentadas em frente da sepultura, Maria Madalena e a outra Maria” (Mt 25.56,61). “No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro” (Mt 28.1).

[6]Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado. 2 E encontraram a pedra removida do sepulcro; 3 mas, ao entrarem, não acharam o corpo do Senhor Jesus” (Lc 24.1-3).

[7]No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida. 2 Então, correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram. 3 Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. 4 Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; 5 e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia, não entrou. 6 Então, Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, 7 e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar à parte. 8 Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. 9 Pois ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos. 10 E voltaram os discípulos outra vez para casa” (Jo 20.1-10).

[8]17 Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. 18 Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? 19 Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, 20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. 36 Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco! 37 Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito” (Lc 24.17-21; 36,37).

[9]62 No dia seguinte, que é o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus e, dirigindo-se a Pilatos, 63 disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: Depois de três dias ressuscitarei. 64 Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o roubem e depois digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que o primeiro. 65 Disse-lhes Pilatos: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. 66 Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta” (Mt 27.62-66).

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