O ensino de Deus e o fascínio dos ídolos do coração

Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Sl 32.8). Figuradamente a palavra traduzida por “ensinar” tem também o sentido de mostrar, indicar, apontar (Sl 25.8).

1) Davi diz que Deus em sua bondade aponta o caminho aos pecadores

Bom e reto é o SENHOR, por isso, aponta o caminho aos pecadores” (Sl 25.8/Sl 25.12). Diante de tantas e novas opções que se mostram querendo nos tornar cativos de suas percepções e ações, aprendemos que na realidade, o único caminho viável para aqueles que amam ao Senhor, confiam nos seus preceitos e querem agradá-lo, é seguir as suas instruções.

Em geral, os caminhos propostos pelos homens têm vários rótulos com múltiplos adjetivos que falam ao nosso coração encontrando eco em nossos desejos que cultivamos de poder e autonomia. Faz-se necessário que assumamos o compromisso diante de Deus de buscar a sua instrução. Deus tem prazer em nos orientar e guiar. A sua Palavra tem este propósito. É preciso que não duvidemos, mas, que atentemos para as suas instruções.

Ele aponta o caminho para nós. Este caminho poderá consistir, em muitas ocasiões, em um retorno, num recomeço e redirecionamento de nossas prioridades.

O caminho de Deus nunca será óbvio diante de uma sociedade materialista e pragmática.

2) O salmista pede a Deus que ensine o seu caminho

Ensina-me, SENHOR, o teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam” (Sl 27.11).

Suplicar pela instrução de Deus significa que estamos desejosos não apenas de sabermos intelectualmente qual é o caminho, como se estivesses brincado com um GPS simulando um destino para verificar a rota, distância e tempo de chegada, sem que na realidade tencionemos seguir naquela direção. Não. Queremos saber o caminho porque queremos de fato fazer a sua vontade, ser realmente guiado pela sua Palavra. (Sl 86.11; 119.33,102).

Muitas vezes, o caminho denominado de prático e real, se constitui em uma justificativa para desobedecermos ao caminho proposto por Deus.

Nas mídias sociais, um indicativo de prestígio e relevância é o número de seguidores. Não importa quem sejam ou porque nos seguem. Os números é que geram influência e patrocínios dentro de um círculo vicioso onde a virtude se transforma em números. Na prática somos bastante pragmáticos, pouco nos preocupando com a essência da coisa.

O nosso caráter, valores e prioridades se revelam naquilo que seguimos, no que tomamos como norma e padrão de nosso pensar e fazer. Quais conselhos são por nós adotados? (Sl 26.1-3,11).

Deus deseja que conheçamos o seu caminho não simplesmente para exercitar a nossa curiosidade ou diletantismo intelectual, mas, para ser segui-lo (Sl 32.8).

3) Os ídolos nada podem ensinar e a sua própria existência, sem vida, moldada pelo homem, conduz-nos ao engano

O erro não nos ensina, porém, podemos aprender, ainda que dolorosamente com o erro a fim de não mais seguirmos aquele caminho. Satanás visa nos ensinar por meio das tentações, contudo, podemos e devemos aprender muito por meio delas, ainda que não as busquemos. A idolatria é por si só um engano. O seu caminho é o do vazio e da nulidade que nos conduz à frustração e ao desespero.

O profeta Hacabuque, então, pergunta: 18Que aproveita o ídolo, visto que o seu artífice o esculpiu? E a imagem de fundição, mestra de mentiras, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos? 19 Ai daquele que diz à madeira: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas, no seu interior, não há fôlego nenhum” (Hc 2.18-19).

Algumas observações devem ser feitas: Os ídolos, por sua própria nulidade tem que ser construídos de forma externamente atraente: ouro e prata. O caminho de nosso coração, com muita frequência, passa pelos nossos olhos costumeiramente acríticos no que se refere ao pecado (Cf. Gn 3.6).

Na declaração do profeta podemos destacar também três assuntos interligados. Há uma questão ontológica: Os ídolos não são; a sua existência enquanto essência é nula. Temos uma questão epistemológica: Se eles nada são, não há conhecimento. Do nada, nada se conhece. O que podemos ter é vislumbres de minha fé que se materializa por meio do que tento criar e conferir significado. Há também a questão lógica: Se o ídolo não existe, exceto na mente de quem o fez, portanto, não tem vida, ele não pode ser conhecido. O conhecido é apenas a matéria que compus. Portanto, ele nada pode fazer para me instruir, socorrer e consolar.

A idolatria começa em nosso coração por meio daquilo que cultuamos, temos como importante e, por isso, torna-se determinante de nosso culto. O que cultuamos reflete nossos valores e prioridades. A idolatria é pródiga na condução de uma estrutura de pensamento pecaminosa e viciada. Isso é o que resta ao homem sem referências permanentes. A negação de Deus, implica necessariamente na criação de um deus que lhe dê sentido à vida.

Muitas vezes, no entanto, seguimos aos deuses de nossa cultura e de nossa mente. Toda cultura e cada época cria e molda seus deuses conforme seus valores e desejos. Cultuamos o que nos fascina. Assim, buscamos de forma estratégica o melhor caminho para atingirmos os nossos objetivos, enaltecendo, colocando no altar os modelos que encarnam o que almejamos. A idolatria assume várias formas. Após a Queda os ídolos estão dentro de nossos corações ávidos pelos seus próprios interesses e a intenção imperativa de satisfazê-los. Logo, o meu desejo é o meu “deus”. Portanto, é preciso que arranquemos os ídolos de nosso coração, tão pródigo em suas promessas de satisfação.

Quando ignoramos a Deus e rejeitamos seu Filho, já não sabemos bem quem somos; daí uma compreensão errada da realidade e uma postura equivocada no mundo, fornecida pela invenção de uma nova divindade criada à nossa imagem e semelhança.

No entanto, Deus pela sua Palavra tem continuamente apontado o caminho para nós. Nas Escrituras vemos estampadas as consequências desastrosas e devastadoras da desobediência e os efeitos abençoadores da obediência aos conselhos de Deus.

A Palavra do Senhor permanece: 11No caminho da sabedoria, te ensinei e pelas veredas da retidão te fiz andar. 12Em andando por elas, não se embaraçarão os teus passos; se correres, não tropeçarás. 13 Retém a instrução e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida” (Pv 4.11-13).

Atentemos para o ensino do Senhor, deixemos os ídolos de nossa cultura que, por vezes, tornam-se onipresentes em nossos corações. No dia 28 votemos com discernimento e submissão.

São Paulo, 23 de outubro de 2018.
Rev. Hermisten M.P. Costa

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