Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (76)

5.9. O Espírito como Senhor da vida e Mestre da Oração (Continuação)

O Espírito da graça

“É somente sob a direção do Espírito que tomamos posse de Cristo e de todos os seus benefícios”, enfatiza Calvino.[1] O Espírito é chamado de “Espírito da Graça”(Hb 10.29/Zc 12.10),[2] porque é Ele Quem aplica a graça de Deus aos pecadores eleitos, conduzindo-os progressivamente à conformação da imagem de Cristo. O Espírito é “comunicador da graça”.[3] Este ministério tem início, quando o Espírito nos leva a aceitar a mensagem de perdão dos nossos pecados. O Espírito anuncia que chegou o tempo da salvação, o qual é caracterizado pelo perdão para todos aqueles que se arrependem de seus pecados.

Sem as obras da Trindade, jamais seríamos salvos pela graça. A graça de Deus, que é personificada em Cristo, é apenas um lado das obras redentoras do Deus Triúno. Toda a Trindade está comprometida na salvação do Seu povo, tendo cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade, conforme o Conselho trinitário, um papel fundamental.

A obra do Espírito é distinta da obra do Pai e do Filho, porém, não é independente. A Trindade opera conjuntamente, tendo o mesmo propósito eterno: a glória do próprio Deus através da salvação do Seu povo (Is 43.7/Ef 1.6; 1Pe 2.9,10).[4] 

O Deus Triúno é o Autor e o executor da nossa salvação; do princípio ao fim, a salvação é obra do Deus da graça.[5] Paulo estimulando os filipenses, inspirado por Deus, fala de sua convicção inabalável: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la (e)pitele/w)[6] até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).[7]

A certeza da salvação é uma bendita esperança, é algo que, como diz Schaeffer, nos “enche de alegria, de modo que não tenhamos que ir para a cama todas as noites repassando os eventos do dia e perguntando-nos ‘será que eu ainda continuo salvo, ou será que eu me perdi?’”.[8]

Maringá, 16 de junho de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] João Calvino, Exposição de 2 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1995, (2Co 13.13), p. 271.

[2] Veja-se: A.W. Pink, Os Atributos de Deus, p. 74.

[3] A.W. Pink, Os Atributos de Deus,p. 74.

[4] Veja-se: Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo,p. 54.

[5]“A salvação é obra de Deus do princípio ao fim; portanto, onde ela começou, certamente se completará” (F.F. Bruce, Filipenses, Florida: Editora Vida, 1992, (Fp 1.3-6), p. 42).

[6] A palavra grega além do sentido de completar (Fp 1.6; 2Co 8.6,11), tem também o de concluir (Rm 15.28); aperfeiçoar (2Co 7.1; Gl 3.3); construir (Hb 8.5); realizar (Hb 9.6); cumprir (1Pe 5.9).

[7] “A graça começa, continua e termina a obra da salvação no coração de uma pessoa” (C.H. Spurgeon, Sermões Sobre a Salvação,São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 45). “… Em sua inteireza a nossa salvação procede do Senhor. É sua realização. Ele mesmo apresenta Sua noiva a Si mesmo por que ninguém mais pode fazê-lo, ninguém mais é competente para fazê-lo. Somente Ele pode fazê-lo. Ele fez tudo por nós, do princípio ao fim, e concluirá a obra apresentando-nos a Si mesmo com toda esta glória aqui descrita” (D.M. Lloyd-Jones, Vida No Espírito: No Casamento, no Lar e no Trabalho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1991, (Ef 5.27), p. 137). Do mesmo modo acentua Murray: “A salvação é do Senhor, tanto em sua aplicação como em sua concepção e realização” (John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada,São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 98). Vejam-se, R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo,Michigan: Subcomision Literatura Cristiana de la Iglesia Cristiana Reformada, 1985, p. 169ss; 177ss.; C.H. Spurgeon, Sermões Sobre a Salvação,p. 12ss

[8]Francis Schaeffer, A Obra Consumada de Cristo, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 232.

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