A Pessoa e Obra do Espírito Santo (168)

6.4.4. Aplica a justiça de Cristo

A justificação pela fé (…) é um fato, não um sentimento. É um estado legal atribuído a nós por Deus, que simplesmente declara ser assim, significando que fomos perdoados e não somos culpados. A justificação nada tem a que ver com uma mudança dentro de nós, mas com uma mudança feita totalmente fora de nós. – William Edgar.[1]

O Evangelho demonstra como um Deus justo pode justificar aos pecadores crentes. – J.I. Packer.[2]

                                                           “…. mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11). Jesus Cristo cumpriu a Lei. Ele é a nossa justiça (1Co 1.30). O Espírito aplica em nós a justiça de Cristo; por isso, somos declarados justos diante de Deus.[3]

          Quando Deus, livre e soberanamente, nos declara justos,[4] Ele efetua uma mudança radical na nossa situação: antes, como pecadores condenados, estávamos aguardando a sentença condenatória; agora, como pecadores regenerados e justificados, somos Seus herdeiros, aguardando a plena manifestação da herança incorruptível (Rm 8.17). 

          A justificação nos transfere de uma condição de condenado para a de herdeiro de Deus (Jo 3.18; At 13.39; Rm 3.28,30; 5.1; Gl 2.16; 3.24/Rm 8.1,7).[5]

          Vestidos com a rica vestimenta da justiça de Cristo, nossos trapos foram deixados para trás. Agora, temos nova identidade: Estamos em Cristo.[6] Sem a revelação bíblica isso seria inimaginável a nós esta genuína e confortadora compreensão.

          É importante que se diga que o homem não se encontra nessa condição de pecador condenado por algum equívoco, perseguição, ou injustiça, antes pelos seus próprios pecados. Dito de outro modo, o homem trabalhou para isso. Ele conquistou o seu “salário” com muito esforço e perseverança.  A morte é um justo pagamento pelo nosso trabalho (Rm 6.23).

          Na justificação ainda que Deus não realize nada em nós, significa que Deus já a fez pela regeneração e continuará fazendo pela santificação.

          Na regeneração recebemos um coração novo, com uma santa disposição; na justificação Deus nos declara justos, perdoando todos os nossos pecados, os quais foram pagos completa e definitivamente por Cristo. Por isso, já não há nenhuma condenação sobre nós; estamos em paz com Deus amparados pela justiça de Cristo (Vejam-se: Rm 5.1; 8.1,31-33).[7] O preço de nossa justificação, para nós gratuita, foi o sangue de Cristo Jesus.[8]

          A nossa justificação é pela graça mediante a fé (Gl 3.11; Fp 3.9; Tt 3.4-7). “A fé é o instrumento pelo qual o pecador recebe e aplica a si tanto Cristo como sua justiça”.[9] O veredito de Deus sobre o pecador o considera justo porque ele, pela fé, aceitou a justiça de Cristo. Esta justiça nada tem a ver com obras humanas, antes é uma “justiça de fé”. É uma justiça amparada nas obras de Cristo que recebemos pela fé.

          Desenvolveremos um pouco mais este assunto no próximo post.

Maringá, 22 de abril de 2021. Rev. Hermisten Maia Pereira


[1] William Edgar, Razões do Coração: reconquistando a persuasão cristã, Brasília, DF.: Refúgio, 2000, p. 129.

[2]J.I. Packer, Vocábulos de Deus,São José dos Campos, SP.: Fiel, 1994, p. 128.

[3] “A única justiça concebível que satisfará as necessidades da nossa situação como pecadores e que satisfará as exigências de uma plena e irrevogável justificação é a justiça de Cristo. Esta afirmação implica a sua obediência e, portanto, a sua encarnação, morte e ressurreição. Em uma palavra, a necessidade da expiação é inerente e essencial à justificação. Uma salvação do pecado que é divorciada da justificação é uma impossibilidade, e a justificação de pecadores sem a justiça divina do Redentor é inconcebível” (John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada, p. 19).

[4] Veja-se: Catecismo Maior de Westminster,Perguntas 70 e 71.

[5] Cf. J.I. Packer, O Conhecimento de Deus, São Paulo: Mundo Cristão, 1980, p. 121.

[6] Vejam-se:  D. Martyn Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo,São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1998, p. 64; Michael Horton, Doutrinas da fé cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 22.

[7] “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). 31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? 33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8. 31-33).

[8] Veja-se: J.I. Packer, O Conhecimento de Deus, São Paulo: Mundo Cristão, 1980, p. 121.

[9] Catecismo Maior de Westminster, Pergunta, 73.

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