Uma oração intercessória pela Igreja (63)

6.3. Todo-Poderoso

            Oramos ao nosso Pai que é glorioso e, também, Todo-poderoso. Nesta oração Paulo destaca o poder do Pai na ressurreição de Jesus Cristo o glorificando, conforme o próprio Jesus orara antes de sua entrega em favor de seu povo (Jo 17.4-5).[1] O Deus de “nosso Senhor Jesus Cristo” é Aquele que ressuscitou o Filho e o glorificou o colocando no Seu lugar de origem, à direita do Pai.(Voltaremos a tratar deste assunto mais à frente).

            Escreve o apóstolo: 19E qual a suprema (u(perba/llw) grandeza (me/geqoj) do seu poder (du/namij) para com os que cremos (pisteu/w), segundo a eficácia (e)ne/rgeia) da força (kra/toj) do seu poder (i)sxu/j) 20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais” (Ef 1.19-20).

            Jesus, humilhado, ridicularizado e desacreditado por quase todos, cruelmente torturado e morto desumanamente como um criminoso da pior espécie, é o glorioso Filho de Deus, Aquele que inverte a sentença de condenação para um ato de vitória e glória: a ressurreição do nosso Senhor. Na ressurreição de Jesus Cristo temos a poderosa manifestação pública de sua filiação divina, da aprovação de seu Ministério e a demonstração de sua glória.[2] (Trataremos desse assunto mais à frente).

            O Pai glorificou o Filho na ressurreição: “Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Hb 5.5).

            O Deus a quem oramos é o Senhor das coisas que podem parecer impossíveis a homens, demônios e anjos, mas, não Àquele que é a razão e fundamento da existência de todas as coisas: O Deus soberano.

            Todas as coisas, todos os eventos; os aparentes acasos e circunstâncias estão nas mãos e controle de Deus.[3] Todo poder é derivado de Deus, não existindo autonomia fora de Deus.[4]

            A certeza da soberania de Deus nos permite ver a Deus como de fato é,[5] de nada nem de ninguém precisando, antes, se bastando a si mesmo em sua total capacidade de criar, preservar, dirigir, perpetuar e extinguir todas as coisas.

            Essa firme convicção da soberania absoluta de Deus, deve nos encher de profunda alegria e confiança. Nada acontece por acaso.

            O desejo de Deus é o melhor para nós. Deus concretiza o seu propósito em santo amor. Por isso, toda a cristandade pode fazer eco à confiança do apóstolo: “sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”(Rm 8.28).

            Quando Deus disse a Abraão que Sara teria um filho (Gn 18.14), Abraão creu, apesar de Sara ser estéril e estar demasiadamente idosa para gerar um filho. Como bem sabemos, Sara concebeu a Isaque, conforme a promessa de Deus.

            No Novo Testamento, Paulo comentando a fé de Abraão, disse: “Não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera”(Rm 4.20,21).

            Portanto, ainda que não entendamos clara e perfeitamente o que nos está acontecendo, o sentido dos fatos e da história, devemos sempre manter a nossa confiança alicerçada no Deus Soberano. Devemos cultivar em nosso espírito uma atitude de alegre confiança em ação de graças, como recomenda Paulo em duas ocasiões e a exemplificou juntamente com Silas, quando preso em Filipos:

Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. (Ef 5.20).

Eu tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5.18).

Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam. (At 16.25).

            Nas Escrituras, há constante demonstração do poder de Deus tendo isto um aspecto pedagógico: para que aprendamos a depositar a nossa confiança no Deus soberano.

            Calvino observa que “em virtude de nosso coração incrédulo, o mínimo perigo que ocorre no mundo influi mais em nós do que o poder de Deus. Trememos ante a mais leve tribulação, pois olvidamos ou nutrimos conceitos mui pobres acerca da onipotência divina”.[6]

            O poder de Deus é algo concreto e real em nossa vida diária, no nosso sustento e preservação. Essa compreensão de fé deve guiar a nossa perspectiva da realidade e, consequentemente a nossa atuação no mundo.

            Não há problemas, por demais complexos que sejam, que se configurem como grandes demais para Deus. É a este Deus a quem oramos. Ele é o Rei Majestoso; o Senhor de todas as coisas. Ele é também o nosso Pai.

            Exponhamos a Deus a nossa fé e, não nos envergonhemos de lhe contar até mesmo a respeito de nossas dúvidas, por vezes, falta de fé e ansiedades. Deus é o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo; é o Pai da glória e, o Pai Todo-Poderoso. Ele nos recebeu em Cristo. Ele conhece as nossas limitações. Ele cuida paternalmente de nós. Descansemos nele.

Maringá, 09 de junho de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]4Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; 5e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17.4-5).

[2] Veja-se: João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 2.7), p. 68-69.

[3]“O mundo pertence a Ele e ainda está em Suas mãos; nosso tempo está totalmente em Suas mãos” (David Martyn Lloyd-Jones, Uma nação sob a ira de Deus: estudos em Isaías 5, 2. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 47).

[4] “O coração da rebelião de satanás e do homem estava no desejo de ser autônomo” (F.A. Schaeffer, O Deus que intervém, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 256). “Nada, exceto Deus mesmo, é um fim em si mesmo” (John Piper, Pense – A Vida da Mente e o Amor de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2011, p. 41).

[5]“Dizer que Deus é soberano é declarar que Deus é Deus” (A.W. Pink, Deus é Soberano, Atibaia, SP.: Editora Fiel, 1977, p. 19). “Verdadeiramente reconhecer a soberania de Deus é, portanto, contemplar o próprio Deus soberano” (A.W. Pink, Deus é Soberano, Atibaia, SP.: Editora Fiel, 1977, p. 138). Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A soberania de Deus e a responsabilidade humana, Goiânia, GO.: Editora Cruz, 2016.

[6]João Calvino, O Livro dos Salmos,São Paulo: Paracletos, 1999, v. 2, (Sl 68.17), p. 658.

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