“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (7)

2.4. Jesus Cristo, fonte eficaz

Jesus Cristo alcança a satisfação de seu objetivo: Os que receberam o seu testemunho foram aqueles que o Pai os confiou; os seus escolhidos.

Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. 7 Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; 8 Porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. (Jo 17.6-8).

2.5. Jesus Cristo, fonte capacitante

 O apóstolo João no final de seus dias nos mostra que Jesus Cristo é quem nos dá um pensamento dirigido para Deus: “Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento  (diánoia)[1] para reconhecermos  (ginw/skw) o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20).  

Notemos que o reconhecimento do Verdadeiro passa pelo entendimento, não simplesmente por uma emoção ou sensação. Jesus Cristo nos capacita em verdade a enxergar a revelação que estava diante de nós e não a conseguíamos discernir. Devido ao pecado, o instrumental (razão, sensação) de que dispomos, tornou-se totalmente ineficaz para conhecer a Deus.

Calvino (1509-1564) faz uma analogia: “O homem, com toda a sua astúcia, é tão estúpido para entender por si mesmo os mistérios de Deus, como um asno é incapaz de entender a harmonia musical”.[2] Portanto, o conhecimento de Deus é resultante de sua graça capacitante.[3] A consciência desse privilégio deve nos conduzir ao seu exercício em adoração.[4]

Maringá, 04 de janeiro de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] dia/noia, pensamento, disposição, entendimento, inteligência, a mente como o órgão do pensamento, de interpretação. No texto de Efésios, Calvino interpreta a palavra como sendo a própria capacidade de pensar (João Calvino, Efésios,(Ef 4.17), p. 134). (Deus deseja que O amemos com toda a nossa dia/noia (Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27). É Deus quem ilumina os olhos de nosso coração para que possamos ter a dia/noia (compreensão) espiritual (Ef 1.18/1Jo 5.20). Antes disso éramos inimigos de Deus em nossa dia/noia (Cl 1.21); no entanto, Deus imprimiu, conforme a profecia cumprida em Cristo, a sua lei em nossa dia/noia (Hb 8.10; 10.16). A nossa dia/noia, portanto, deve ser revestida com a Palavra a fim de permanecer esclarecida (2Pe 3.1/1Pe 1.13). Devemos tomar cuidado para que os nossos pensamentos não se tornem arrogantes (Lc 1.51)

[2]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios,São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 1.20), p. 60.

[3] “Conhecer a Deus é o dom supremo da graça de Deus” (J.I. Packer, Conhecendo Deus: o mundo e a Palavra. In: Gabriel N.E. Fluhrer, ed. Firme Fundamento: A inerrante Palavra de Deus em um mundo errante, Rio de Janeiro: Anno Domini, 2013, p. 16).

[4] “O conhecimento da grandiosidade de Deus deveria tanto nos humilhar (nos diminuir!) quanto nos elevar à adoração” (J.I. Packer, A Oração do Senhor, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 32).

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