“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (36)

  4.3.4. Verdade reveladora

A verdade proclamada por Cristo revela o Pai (Jo 17.1,3-9,11,15,17,21-25) e aponta para o Filho (Jo 17.8,20). Além destas genuínas revelações, a Palavra nos diz o que somos e o que poderemos ser.

  A Palavra de Deus é o espelho que nos mostra tal qual somos: pecadores irremediavelmente perdidos. No entanto, também nos mostra o que poderemos ser pelo Espírito que nos capacita. Ela é uma espécie de “geografia do coração”, ou uma “anatomia da alma”. “A Bíblia é a geografia da alma”.[1]

            A tomada de consciência da grandeza e da santidade de Deus deve nos conduzir ao desejo de sermos santos conforme Ele é. A santidade de Deus realça o nosso pecado, dando-nos consciência da nossa pequenez e impureza. A perfeição absoluta de Deus revela os nossos pecados e as nossas imperfeições. O brilho da glória de sua majestade torna mais patente as nossas manchas espirituais. Foi esta a experiência de Isaías diante da revelação de Deus: “Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is 6.5).

            A proximidade de Deus nos faz mais sensíveis a isso. A contemplação da gloriosa santidade do Senhor, conforme registrada nas Escrituras, realça de forma eloquente a gravidade de nosso pecado.

            Além de Isaías, muitos servos de Deus ilustram este fato: Moisés, Jó, Ezequiel, Daniel, Pedro, Paulo e João (Vejam-se: Êx 3.6; Jó 42.5-6; Ez 1.28; Dn 10.9; Lc 5.8; 1Tm 1.15; Ap 1.17), entre outros, tiveram, de modo doloroso, a percepção de sua pequenez, fragilidade e impureza diante dele que é puro de olhos e não pode tolerar o mal (Hc 1.13).

            Essa é uma das razões por que os homens odiaram a Cristo e a sua Palavra: a imagem do que somos, muitas vezes, se mostra terrível!

            O Senhor mesmo nos diz: “Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más” (Jo 7.7). João registra:

O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras (Jo 3.19-20). (destaque meu).

            Por outro lado, a Bíblia também nos ensina aquilo que Paulo expressou enquanto preso em Roma: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Deus torna possível os nossos impossíveis, fazendo-nos novas criaturas, gerando-nos espiritualmente para uma viva esperança em Cristo (Jo 3.3,5/Tg 1.18; 1Pe 1.3,23).

   São Francisco do Sul/Maringá, 13 de março de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]A.B. Langston, Introdução à Teologia Sistemática, 7. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p. 218.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *