A Pessoa e Obra do Espírito Santo (150)

6.3.2. O Espírito e a vocação eficaz 

Enquanto o Senhor não os abrir, os olhos de nosso coração são cegos. – João Calvino.[1]

Reconheço e declaro que a fé é propriamente, toda ela, obra do Espírito Santo, por cuja iluminação conhecemos a Deus e os imensos tesouros da Sua bondade; e mais, sem a Sua luz o nosso entendimento seria tão cego que nós não poderíamos ver coisa alguma, e tão desprovido de sensibilidade que não poderíamos perceber e acolher bem as realidades espirituais. – João Calvino.[2]

                                                           Este assunto é logicamente decorrente do anterior. O Deus que soberanamente nos elegeu na eternidade para salvação, providência os meios para que ouçamos o Evangelho, a mensagem de salvação.

Como temos visto, não sabemos quem irá crer no Evangelho. Isto não faz parte de nossa esfera de domínio, nem de conhecimento. Por vezes, o ocupar-nos com o que não nos compete pode gerar na mesma proporção a omissão naquilo que devemos realizar.

O chamado externo que consiste na pregação da Palavra deve ser dirigido a todos. A igreja deve se concentrar nesta tarefa com máximo empenho, em submissão a Deus e amor ao nosso próximo.

A Palavra de Deus nunca é inutilmente pregada porque ela é palavra de salvação e de juízo.[3] A rejeição da Palavra não inocenta o seu ouvinte, antes o responsabiliza.

          Obviamente não nos compete especular sobre os arcanos de Deus, mas, tratar dentro da revelação, do que nos foi conferido conhecer, o que por graça, podemos discernir e agir, dentro desta esfera, rogando sempre a Deus a sua iluminação.

          Sabemos que Deus usa dois caminhos ordinariamente complementares, sobre os quais Ele tem o total domínio. No primeiro dele, o Senhor se vale da pregação da igreja para anunciar o único meio de salvação existente: Cristo Jesus (Jo 14.6; At 4.12. 1Tm 2.5). O  caminho subsequente, Deus opera definitivamente no coração dos pecadores eleitos, os regenerando e os habilitando a crê salvadoramente em Cristo.

    Portanto, quanto ao que nos compete, devemos saturar o mundo com a pregação do Evangelho valendo-nos dos recursos que Deus nos concede.

    Detalhemos um pouco mais esse assunto.

Maringá, 05 de abril de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]João Calvino, Efésios,São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 1.16), p. 41.

[2]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.10), p. 145.

[3]Segue-me – A mente de Filipe foi inflamada por esta única palavra para seguir a Cristo; e daqui inferimos quão poderosa é a eficácia da Palavra, ainda que ela não se evidencie em todos indiscriminadamente. Porquanto Deus incita muitos sem qualquer resultado, como se ele estivesse soprando em seus ouvidos sons sem sentido. Portanto, a pregação externa da Palavra é por si só infrutífera, a não ser que ela fira mortalmente os réprobos, de modo tal que os faz indesculpáveis diante de Deus. Mas quando a graça secreta do Espírito vivifica [a mente dos réprobos], todos os sentidos inevitavelmente serão afetados de tal maneira que a pessoa se sente preparada a ir aonde quer que Deus a chame” (João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.43), p. 78-79).

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