Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (28) – A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Símbolos de Fé (1)

Este artigo é continuação do artigo: Introdução ao Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (27) – Principais Catecismos e Confissões Reformados (3)

Acesse aqui esta série de estudos completa


 

 

A Igreja Presbiteriana do Brasil completará em agosto 

(2019), 160 anos. A data comemorativa refere-se à chegada de Ashbel Green Simonton (1833-1867) ao Brasil, proveniente dos Estados Unidos, em 12/08/1859. Simonton veio como Missionário da Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana da América do Norte.

Simonton que já havia estudado português em New York, dedicou-se aqui, com afinco ao estudo da nossa língua, iniciando uma Escola Bíblica Dominical em 22/4/1860.1

Em 25/7/1860 chega outro missionário enviado pela mesma Missão: Rev. Alexander Lattimer Blackford (1829-1890), acompanhado de sua esposa, Elizabeth, irmã de Simonton. O terceiro missionário, o Rev. F.J.C. Schneider (1832-1910), chegou em 7/12/1861.

Primeira Igreja Presbiteriana no Brasil

Finalmente em 12 de janeiro de 1862, organizou a Primeira Igreja Presbiteriana no Brasil, na Capital do Império, Rio de Janeiro, à Rua Nova do Ouvidor nº 31, com as duas primeiras Profissões de Fé: Um comerciante, norte-americano, Henry E. Milford (com cerca de 40 anos), natural de Nova Iorque, que veio para o Brasil como agente da Singer Sewing Machine Company e Camilo Cardoso de Jesus (com cerca de 36 anos),2 que posteriormente mudou o seu nome para Camilo José Cardoso.3 Ele era natural da cidade do Porto, Portugal, sendo padeiro e, ex-foguista em barco de cabotagem.4 Ambos eram assíduos desde o início dos trabalhos promovidos por Simonton.5 O Sr. Cardoso seria mais tarde o primeiro diácono eleito nesta Igreja (02/04/1866), conservando-se neste ofício até à morte.6

Como o Sr. Milford já fora batizado na infância na Igreja Episcopal, não foi rebatizado.7 Já o Sr. Camilo por ser proveniente do Romanismo, foi rebatizado (este era o seu desejo).8 Apesar de Simonton ter titubeado diante do problema de batizar ou não batizar o Sr. Cardoso, conversando com os seus colegas, ouvindo a opinião de Kalley e, até mesmo consultando a Junta Missionária em Nova Iorque,9 o rebatismo de católicos convertidos estava em harmonia com a legislação da Igreja Presbiteriana da América, que em 1835 decidira o seguinte: “(…) A Igreja Católica Romana apostatou essencialmente a religião de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e, por isso, não é reconhecida como igreja cristã”.10

Em 1845, mediante consulta ao Presbitério de Ohio, se o Batismo da Igreja de Roma era válido, decidiu:

A resposta a essa questão envolve princípios vitais para a paz, a pureza e a estabilidade da Igreja de Deus. Após ampla discussão, que se estendeu por diversos dias, a Assembleia decidiu, pela quase unanimidade de votos (173 a favor e 8 contra), que o batismo administrado pela Igreja de Roma não é válido.11

 

 

Maringá, 15 de janeiro de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


1Este tipo de trabalho – até onde sabemos –, fora iniciado pelos Metodistas no Rio de Janeiro, por intermédio do Rev. Justin Spaulding, no domingo, 01 de maio de 1836. Todavia, este trabalho teria curta duração, já em 1841 a Missão Metodista, por diversas razões, encerraria as suas atividades no Brasil, só reiniciando seu trabalho de forma permanente em 5/8/1867, com a chegada do Rev. Junis Eastham Newman (1819-1895). A segunda Escola Dominical em nosso território, foi organizada pelos Congregacionais, com o Dr. Robert R. Kalley (1809-1888) e a Srª. Sara P. Kalley (1825-1907) em Petrópolis, no dia 19/8/1855. Esta foi primeira Escola Dominical em caráter permanente em solo brasileiro, lecionada em português.

Ashbel Green Simonton, Diário, 1852-1867, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana; Livraria O Semeador, 1982, 14/01/1862; Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, Rio de Janeiro: Casa Editora Presbyteriana, 1902, p. 7-8.

3Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 8.

4Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 7-9; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981, p. 24; Júlio A. Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, v. 1, p. 28.

5Diário, 25/11/61; 31/12/61; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 24, Veja-se nota 131.

6Relatório de Simonton apresentado ao Presbitério do Rio de Janeiro no dia 10/07/1866, p. 8; Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 8; Júlio A. Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, v. 1, 28.

7 Atas da Igreja do Rio de Janeiro, (1862), p. 5; Diário, 14/01/62; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 25. Alguns historiadores por um pequeno descuido indutivo, têm afirmado erradamente que o Sr. Milford também foi batizado à ocasião; o que de fato não ocorreu. (Como exemplo do equívoco, Vejam-se: Rev. Antonio Trajano, Esboço Histórico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: Álvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 7; Erasmo Braga; Kenneth Grubb, The Republic of Brasil, New York: World Dominion Press, 1932, p. 58; Émile G. Léonard, O Protestantismo Brasileiro, São Paulo: ASTE, (1963), p. 55).

8Diário, 14/01/62.

9Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 25-26; Diário, 14/01/62.

10Assembly Digest, Livro VI, Seção 83, p. 560 (1835), Apud Carl J. Hahn, História do Culto Protestante no Brasil, São Paulo: ASTE. 1989, p. 161.

11Assembly Digest, Livro III, Seção 13, p. 103 (1845), Apud Carl J. Hahn, História do Culto Protestante no Brasil, p. 162.

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