Uma oração intercessória pela Igreja (39)

         4.1.5.3.      Manifestações do Senhorio Pastoral de Cristo (Continuação)

I. Livra, Fortalece e Sustenta os Seus

              O livramento e sustento de Deus para com o seu povo nem sempre se refere ao aspecto físico ou, também, só se limita a isso. Como sabemos, diversos servos de Deus, piedosos e íntegros passaram por grande tribulação.

            Na narrativa da perseguição perpetrada por Herodes, Tiago e Pedro foram presos. Tiago foi morto. Pedro permaneceu preso sob forte vigilância. No entanto, dentro do sábio propósito de Deus, Ele libertou miraculosamente a Pedro por meio de um anjo (At 12.6-10). Na sequência, lemos:

11Então, Pedro, caindo em si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico. 12 Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam. 13Quando ele bateu ao postigo do portão, veio uma criada, chamada Rode, ver quem era; 14 reconhecendo a voz de Pedro, tão alegre ficou, que nem o fez entrar, mas voltou correndo para anunciar que Pedro estava junto do portão. 15 Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar que assim era. Então, disseram: É o seu anjo. 16 Entretanto, Pedro continuava batendo; então, eles abriram, viram-no e ficaram atônitos. 17 Ele, porém, fazendo-lhes sinal com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e acrescentou: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, retirou-se para outro lugar. (At 12.11-17).

            Paulo, já no final de seu ministério, encoraja a Timóteo. Relembra as perseguições que enfrentou, destacando a sua Primeira Viagem Missionária, pontuando, contudo, como o Senhor o tem preservado:

10Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11 as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, — que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. (2Tm 3.10-11).

            À frente, fala como o Deus que o vocacionou o tem assistido em meio ao seu processo e julgamento. Ao mesmo tempo, dá um tom escatológico à sua fé, mostrando que Deus o guardará seguro até à eternidade:

17Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!. (2Tm 4.17-18). (Vejam-se também: Rm 14.4; Ef 6.10; 2Pe 2.9).

            Nos momentos mais difíceis, Deus tem preservado a sua Igreja. O Senhor jamais a abandona. O seu alvo final é escatológico conforme bem percebe o Apóstolo Paulo.           

            É maravilhoso para nós saber que não acasos em nossa existência. Tudo o que ocorre diante de nossos olhos, por vezes, surpresos e, até mesmo assustados,  está de alguma forma envolvido no grande propósito de Deus. A nossa vida está nas mãos do Senhor.[1] Ninguém será deixado para trás. Deus, o Senhor nos preservará até o fim.

J. Encoraja e estimula os seus servos

              Paulo quando pregou em Corinto, vinha de uma jornada intensa e difícil. Estivera preso em Filipos (At 16). Em Tessalônica após um trabalho bem-sucedido teve de fugir devido à perseguição movida pelos judeus (At 17.1-10). Em Bereia, quando encontra um auditório interessado em conferir o que ele pregava tomando como referência as Escrituras, os judeus de Tessalônica foram lá “excitar e perturbar o povo” (At 17.13). Ele corria risco de morte.

            Os crentes de Bereia o conduziram em segurança até Atenas. Paulo está preocupado com a jovem igreja de Tessalônica devido às perseguições. Então envia Silas e Timóteo para verificar como a igreja estava reagindo à situação adversa. Ele quer ter notícias (At 17.15).

            Permanece em Atenas. Observando a intensa idolatria naquela cidade, prega o Evangelho, onde é ofendido e humilhado. Foi para Corinto onde anunciou o Evangelho tendo mais tranquilidade espiritual quando Silas e Timóteo regressaram de Tessalônica com notícias positivas a respeito da igreja (At 18.5). No entanto, encontrando reação por parte dos judeus incrédulos (At 18.5-7), proclama o Evangelho aos gentios.

            Ao que parece, ele deseja partir logo de Corinto, cidade populosa, rica e imoral. Todavia, o Senhor tem outro propósito para ele, considerando que em Corinto Deus tem o seu povo escolhido que seria chamado externamente por meio da pregação do Apóstolo. Diz o texto sagrado: 9Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; 10 porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18.9-10).

            Paulo atendeu à missão divina. Permaneceu em Corinto 18 meses anunciando o Evangelho (At 18.11). Deus o fortaleceu naquele difícil trabalho. Mais tarde Paulo pôde escrever pelo menos 4 cartas àquela igreja das quais temos, provavelmente a 2ª e a 4ª, que trazem tantos ensinamentos e exortações úteis à vida cristã.

            Mais tarde, Paulo preso em Jerusalém desejava pregar o Evangelho em Roma, contudo, sabia da dificuldade de chegar vivo àquela cidade. Então, na cela, com o rosto inchado, o Senhor lhe conforta e estimula: “Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (At 23.11).

            Calvino, comenta que “se nos convencêssemos de que Deus é o guardião de nossas vidas, asseguradamente nenhuma ameaça, nenhum terror, nenhuma morte nos impediria de continuarmos em nossos deveres”.[2]

            Posteriormente, preso em Roma, Paulo testemunha como a sua prisão era estimulante a diversos irmãos: “A maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus” (Fp 1.14).

            A vitalidade da Igreja depende do Senhor. O que muitas vezes pode parecer um motivo a mais para o nosso desânimo, constitui-se num instrumento útil usado por Deus para despertar e estimular a sua Igreja. Paulo esteve preso e, isto, longe de desanimá-lo e também a igreja, serviu de alerta para os filipenses e outros irmãos, os estimulando a proclamarem com maior intrepidez a Palavra. (Veja-se também: At 4.23-31).

Maringá, 7 de maio de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 17; D.M. Lloyd-Jones, Seguros Mesmo no Mundo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 2), p. 35.

[2]João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6,São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, (Dn 3.28), p. 227.

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