Teologia da Evangelização (63)

2.4.3.2.2.9.3. O Selo e o Penhor do Espírito (Continuação)

a. O Espírito como Identificador dos que pertencem a Deus

Sabemos pelo Espírito que somos filhos de Deus e, que por maior que seja a nossa pobreza material; por mais insignificantes que sejamos considerados social e economicamente, somos súditos do Reino, sendo herdeiros de Deus, tendo o sinal de nossa cidadania e herança – sinal este concedido por Deus.

          Paulo escreve aos gálatas: E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4.6-7). (Vejam-se: Rm 8.16,17; Ef 1.14,18; Cl 3.24; Tt 3.7/1Jo 3.1,2). É significativo para nossa abordagem, o fato de que o apóstolo diz que Deus enviou “o Espírito de seu Filho”. Ou seja, podemos nos relacionar com o Pai por meio de Seu Filho (Jo 14.6). E, é o Espírito do Filho, Aquele que é eternamente o Filho de Deus, Quem nos conduz ao Filho em nossa irmandade com Ele e, pela mesma graça, na condição de filhos de Deus (Jo 1.12; Gl. 3.26).

          A presença soberana do Espírito é a característica fundamental do cristão; o Espírito é a identidade dos que pertencem a Deus – “….se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9) –, dos filhos adotivos de Deus (Rm 8.15),[1] que são guiados por Ele (Rm 8.14).[2]

Quem tem o Espírito, tem a Cristo; quem não possui o Espírito não tem a Cristo e, de fato, não pertence a Ele (Rm 8.9-10). Assim, participar do Espírito é o mesmo que participar do Filho. O próprio Espírito testifica continuamente em nós que somos filhos de Deus e, portanto, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo (Rm 8.16,17).[3]

Embora a certeza de nossa salvação não seja algo essencial à salvação, o Pai deseja comunicar-nos constantemente esta certeza a fim de que ela seja subjetivada em nós e, deste modo, possamos viver a plenitude do privilégio e da responsabilidade de nossa filiação.

Notemos que esta identidade com Cristo pelo Espírito, é uma identidade de sofrimento e glória; a vida cristã consiste numa identificação com Cristo, em seus sofrimentos e em Sua glória. “A união com Cristo é a união com Ele na eficácia da sua morte e na virtude da sua ressurreição – aquele que assim morreu e ressuscitou com Cristo é liberto do pecado, e o pecado não exercerá o seu domínio, resume Murray.[4]

  Maringá, 09 de setembro de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai(Rm 8.15).

[2]Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8.14).

[3]“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.16-17).

[4]John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada,São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 159.

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