Eu lhes tenho dado a tua Palavra (Jo 17.1-26) (112)

7.4. A Igreja é constituída e preservada por Deus

Mediante a confissão iluminada de Pedro (Mt 11.25,27), o Senhor Jesus lhe diz: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”(Mt 16.18).

A igreja não é uma criação tardia, um plano “b” ou, um adendo de Deus aos seus desígnios “impotentes”. Antes, ela sempre fez parte do propósito eterno de Deus. A Igreja é edificada pelo próprio Cristo.

“Edificarei a minha igreja”, afirma o Senhor Jesus.A igreja não pertence a terceiros. Ela é do Senhor. Ele mesmo a edifica. A expressão “minha igreja” indica a relação pessoal que o Senhor mantém com o seu povo. A Igreja é edificada pessoalmente pelo próprio Cristo. Deus não confiou esta tarefa a mais ninguém. A igreja não é uma abstração divina que permanece num plano ideal distante da realidade e inatingível. Ela se concretiza pelo poder de Deus. A história é, em grande parte, o processo executivo de Deus na realização de seu desígnio sábio e santo. Somos a família de Deus formada por Ele conforme sua livre vontade.

Paulo escreveu aos efésios:

19Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, 20edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; 21no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, 22no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito (Ef 2.19-22).

Na criação de nossos primeiros pais, Adão e Eva, temos a concretização histórica do propósito eterno de Deus,[1] como nos diz o apóstolo:

8Segundo o poder de Deus, 9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos. (2Tm 1.8-9).

Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, 2na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos. (Tt 1.1-2).

O Senhor tem ao longo da história edificado a sua igreja. A confissão da identidade do Filho é fundamental para o ingresso na Igreja. Essa confissão se torna possível pela graça reveladora de Deus (Mt 16.16,17).Essa revelação é feita de acordo com o propósito de Deus. Nenhum de nós, jamais confessaria a Cristo sem o poder de Deus respaldado na obra de Cristo (Mt 16.19). Ou seja: a nossa confiança não é vazia. Ela tem como referência fundamental a veracidade da obra cabal de Cristo.

Em outro contexto vemos que o que Paulo fala sobre a necessária confissão do senhorio de Cristo tendo como pano de fundo, a obra realizada pelo Senhor: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm 10.9-10).

Há uma coerência lógica: crer e confessar. O crer, no entanto, é precedido pelo conhecer. “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”(Mt 11.27).

O conhecer, portanto, é um ato da graça de Deus. Sem o Pai que se agencia pelo Espírito, jamais conheceríamos salvadoramente a Jesus como o Cristo e Senhor.[2] “O verdadeiro mistério só pode ser entendido como um mistério genuíno mediante a revelação”.[3] Isso é graça! (2Pe 3.18).

O apóstolo faz eco a essa graça, escrevendo: “Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12.3).

Maringá, 30 de julho de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] “Se uma ‘igreja’ começou em determinado ano, na verdade é, por definição, uma seita. A verdadeira igreja visível de acordo com as Escrituras, começou no Éden. A alegação dispensacionalista de que a igreja começou no Pentecoste é totalmente falsa. (…) Se nossa igreja começou em qualquer outro tempo que não no Éden, não permanecendo em continuidade pactual com o povo do pacto de Deus, então essa igreja é uma seita” (Jonathan Gerstner, Alicerçada na Rocha Eterna: In: John MacArthur, et. al. Avante, Soldados de Cristo: uma reafirmação bíblica da Igreja, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 50-51).

[2]“A razão natural jamais guiará os homens a Cristo. O fato de serem eles dotados de sabedoria para dirigir suas vidas e de se formarem em filosofia e ciências se reduz e resulta em nada” (João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.5), p. 38).

[3]Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 157.

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