A Pessoa e Obra do Espírito Santo (91)

e) Deve ser exercitada diariamente

Paulo, falando de nossa nova natureza, criada segundo Deus, exorta para que busquemos, dia após dia, viver em justiça e santidade:

Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça (dikaiosu/nh) e retidão procedentes da verdade. (Ef 4.22-24). (Vejam-se: Ef 2.10; Cl 3.10).

    A nossa nova natureza é um fato consumado em Cristo. Todavia, esta nova realidade de vida envolve um “revestimento” constante do uso da nova mente que agora temos em Cristo (Ef 4.23). Isto ocorre pela prática da Palavra. Por isso é que Paulo declara que a Escritura é útil para nos educar na justiça (2Tm 3.16).

    Packer observou com precisão que:

     A santidade do crente é uma questão de aprender a ser, em atos, o que ele já é no coração. Em outras palavras, é uma questão de viver exteriormente a vida e expressar a disposição e os instintos (isto é, a nova natureza) que Deus colocou nele, criando-o de novo em Cristo. Santidade é a naturalidade do homem espiritualmente ressurreto, da mesma forma como o pecado é a naturalidade do homem espiritualmente morto; e, ao buscar santidade pelo fato de obedecer a Deus, o cristão na verdade segue o anseio mais profundo do ser renovado.[1]

    A justiça de Cristo, em nós, precisa ser exercitada, a fim de que faça parte natural de nossa vida. Exemplificando, podemos dizer que, quando começamos a dirigir, o carro nos domina. Pensamos em acionar a embreagem, passar para a primeira marcha, soltar suavemente a embreagem enquanto pisamos da mesma forma no acelerador. Ficamos o tempo todo a raciocinar como devemos fazer, ligar a seta, buzinar, mudar de marcha etc. Isto tudo é porque ainda não dominamos tais procedimentos. Com o passar do tempo, todo este movimento passa a ser natural, fruto de um conhecimento e prática na condução do automóvel.

    Mudando o que deve ser mudado, podemos dizer que, do mesmo modo, a justiça também exige prática, a fim de que ela assuma um predomínio natural em nossa mente e coração.

    Quando “treinamos” na prática da justiça, vamos adquirindo uma mente e um coração dominados pelos valores celestiais e, assim, o nosso pensamento passa a ser direcionado dentro da perspectiva divina conforme aprendemos na Palavra de Deus. Uma prática “justa” necessita de pensamentos “justos”. Deus nos deu uma nova mente e um novo coração para que, entendendo a realidade, diferentemente, tenhamos uma postura e comportamento condizentes com esta nova perspectiva, que é a de Deus, por meio da “mente de Cristo”, que agora temos.

    É justamente para isso que Deus nos disciplina. Ele visa a nossa participação na sua santidade e a produção de frutos de justiça:

Deus (…) nos disciplina (paideu/w) para aproveitamento (sumfe/rw = “nos tornar melhor”), a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina(paide/ia), com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça (dikaiosu/nh). (Hb 12.10,11).

    O “fruto de justiça” é resultado de nosso exercício na justiça do Reino. Portanto, viver de modo “justo” é uma forma de proclamar vivencialmente a justiça do Reino (Ver: 2Pe 3.13).

    Para que a nossa escolha do “melhor” ocorra, devemos exercitar esta priorização diariamente, tendo como parâmetro de avaliação a própria Palavra de Deus.

Maringá, 21 de janeiro de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa.


[1]J.I. Packer, Na Dinâmica do Espírito, São Paulo: Vida Nova, 1991, p. 104.

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