A Pessoa e Obra do Espírito Santo (7)

4.2.2. Ele é o autor de toda vida intelectual

Quando historiadores da arte tratam da arte produzida pelos judeus, é comum a identificação da proibição divina quanto à idolatria (Ex 20.4-6)[1] com uma suposta proibição divina à arte.[2]

            É possível que a falta de uma maior clareza de interpretação bíblica tenha contribuído para o não desenvolvimento de determinada manifestação artística entre os judeus. Dentro de uma perspectiva mais ampla, devemos entender que a arte na Escritura é proibida apenas como instrumento de idolatria, não como meio de glorificar a Deus por meio do belo.

            Stigers destaca com propriedade:

O fato de que querubins foram bordados no véu interno do Tabernáculo (Ex 26.31), de que as paredes do Templo de Salomão foram esculpidas com figuras de querubins e palmeiras (1Rs 6.29), e de que Tabernáculo e Templo tinham figuras de querubins no propiciatório, dentro do Santos dos Santos, indica que o segundo mandamento não impediu a produção de trabalhos artísticos.[3]

            No Antigo Testamento encontramos com frequência a ação do Espírito associada à vida intelectual de diversos homens (Vejam-se: Jó 32.8; 35.10,11/Gn 2.7; Ex 31.2-6; 35.31-35; Nm 11.17,25-29; 27.18-21/Dt 34.9).[4] O Espírito é o autor de toda vida intelectual e artística; nele temos o sentido do belo e sublime como expressão da santa harmonia procedente do Deus Triúno, que é perfeitamente Belo em sua Santidade e Majestade.

            Referindo-se à obra de Bezalel e Aoliabe, Ferguson escreve:

A beleza e a simetria da obra executada por esses homens na construção do tabernáculo não só deram prazer estético, mas um padrão físico no coração do acampamento que serviu para restabelecer expressões concretas da ordem e glória do Criador e suas intenções em prol de sua criação.[5]

            Calvino (1509-1564) entendia que a arte e as demais coisas que servem ao uso comum e conforto desta vida são dons de Deus; portanto, devemos usá-las de forma legítima a fim de que o Senhor seja glorificado.[6]

            Quanto mais o homem se aprofunda nas “artes liberais” e investiga a natureza, mais se aproxima “dos segredos da divina sabedoria”.[7]

            Ainda que as artes não tenham poder redentivo, e, a bem da verdade, não é este o seu propósito, elas, contribuem para temperar a nossa vida com mais encanto e beleza, quer pelo que reproduz (o seu tema),[8] quer pela forma de fazê-lo (habilidade).[9] A beleza da arte não está simplesmente em sua temática, mas, também, na qualidade daquilo que reproduz e reinventa a partir da natureza que a alimenta.[10]

Peter Paul Rubens (1577-1640), Retrato de seu Filho
Albrecht Durer (1471-1528), Retrato de sua mãe (1514).

           

Bavinck (1854-1921) escreve de modo magistral, mostrando que a arte provém de Deus, tendo também um sentido confortador:

A arte também é um dom de Deus. Como o Senhor não é apenas verdade e santidade, mas também glória, e expande a beleza de Seu nome sobre todas as Suas obras, então é Ele, também, que, pelo Seu Espírito, equipa os artistas com sabedoria e entendimento e conhecimento em todo tipo de trabalhos manuais (Ex 31.3; 35.31). A arte é, portanto, em primeiro lugar, uma evidência da habilidade humana para criar. Essa habilidade é de caráter espiritual, e dá expressão aos seus profundos anseios, aos seus altos ideais, ao seu insaciável anseio pela harmonia. Além disso, a arte em todas as suas obras e formas projeta um mundo ideal diante de nós, no qual as discórdias de nossa existência na terra são substituídas por uma gratificante harmonia. Desta forma a beleza revela o que neste mundo caído tem sido obscurecido à sabedoria mas está descoberto aos olhos do artista. E por pintar diante de nós um quadro de uma outra e mais elevada realidade, a arte é um conforto para nossa vida, e levanta nossa alma da consternação, e enche nosso coração de esperança e alegria.[11]

            Contudo, continua ele: a arte, como não poderia deixar de ser, tem seus limites. Isso deve ser observado com atenção:

Mas apesar de tudo o que a arte pode realizar, é apenas na imaginação que nós podemos desfrutar da beleza que ela revela. A arte não pode fechar o abismo que existe entre o ideal e o real. Ela não pode transformar o além de sua visão no aqui de nosso mundo presente. Ela nos mostra a glória de Canaã à distância, mas não nos introduz nesse país nem nos faz cidadãos dele. A arte é muito, mas não é tudo. (…) A arte não pode perdoar pecados. Ela não pode nos limpar de nossa sujeira. E ela não é capaz de enxugar nossas lágrimas nos fracassos da vida.[12]

            A Escritura nos mostra que Deus como autor de toda beleza, aprecia o belo. A beleza não tem existência própria e autônoma; ela provém de Deus, daí o perigo de fazermos a separação entre beleza e Deus, correndo o risco de adorar a criação em lugar do Criador (Rm 1.25).[13] O belo por sua vez, não tem apenas um sentido funcional, antes, é prazeroso, refletindo de alguma forma a grandeza da Criação divina que, por sua vez, reflete a natureza majestosa de Deus e Seu amor que faz com que Ele se comunique conosco de forma tão bela e harmoniosa. Portanto, a nossa criatividade deve ser atribuída a Deus, sua fonte inesgotável e perfeita. O Deus quem nos criou à sua imagem é o Artista original. O nosso senso estético procede também de Deus, como por uma imagem.

            Nós, como imagem, tentamos imitá-lo de forma subjetiva, visto que somente Deus possui de forma absoluta a objetividade do Belo em suas perfeições.[14]

            É claro que esta criatividade imaginativa também foi afetada e manchada pelo pecado e, o produto de nosso trabalho também refletirá essencialmente isso. Portanto, indicando o senhorio de Cristo sobre todas as coisas, devemos submeter a nossa habilidade de criar e recriar à realidade de nosso Senhor. Deste modo, o nosso trabalho deve ser sempre uma expressão de culto a Deus por meio dos talentos que Ele mesmo nos confiou.

             Eu não preciso necessariamente de um motivo a mais para criar. A minha criação poderá ser bela em sua temática e composição. Não preciso de justificativa ulterior. O algo mais pode ser altamente estimulante e necessário, contudo, estará sempre numa escala secundária. Posso compor uma música simplesmente para expressar a minha fé em meio às angústias e incertezas da vida cotidiana; retratar a beleza do amor entre um homem e uma mulher (que deve refletir o amor de Deus por sua Igreja (Ef 5.25)), ou, ainda, fazer um poema que descreva a dor da saudade ou a esperança de um reencontro. Nestas expressões, revelo a minha condição de criatura que ama, sofre, deseja e tem expectativas. Nenhum destes sentimos é-nos estranho, afinal, somos homens finitos, limitados, vivendo no tempo, na condição de pecadores.

            Ainda que nem tudo que produzamos seja uma expressão pecaminosa, é, sem dúvida, uma manifestação de nossa maravilhosamente complexa finitude, da condição humana.[15] Por isso, talvez, o desejo implícito de que nossa arte permaneça; há o “pressentimento de imortalidade”, que se manifesta no desejo e esperança de que a nossa produção seja vista, lida, ouvida, admirada e interpretada também em nossa posteridade.

            A arte, portanto, é uma expressão de percepção de mundo. Esta percepção está longe de ser neutra. Por isso, toda arte é existencial e axiológica. Aqui temos um ponto final. Contudo, se pessoas são levadas a Cristo por meio desta música, desse quadro ou daquela poesia, não torna a minha arte melhor ou pior. Isso, ainda que relevante, não muda a essência do que fiz (qualidade), do princípio que me orientou (a Palavra) e do seu objetivo final que é glorificar a Deus.

            Há sempre o perigo de sermos pragmáticos, apesar de cheios de boas intenções. Deus pode se valer de um jumento, contudo, nem por isso devo me inspirar neste animal criado por Deus, como meio de expressão de minha natureza, ainda que Deus também o empregue para demonstrar a nossa insanidade espiritual (Is 1.3/Sl 32.9/Jr 8.7). Ele toma dois animais difíceis de trato: o boi e o jumento. Mostra que a obtusidade, a teimosia e a dificuldade de condução destes animais dão-se pela sua própria natureza. O jumento e o boi agem conforme as suas próprias estruturas criadas por Deus. No entanto, assim mesmo, eles sabem reconhecer os seus donos, aqueles que lhes alimentam. O homem, por sua vez, como coroa da criação, cedendo ao pecado perdeu totalmente o seu discernimento espiritual; já não reconhecemos nem mesmo o nosso Criador; antes lhe voltamos as costas e prosseguimos em outra direção.[16]

            Paulo diz que a nossa nova criação espiritual levada a efeito por Deus é uma obra de arte. O homem é a obra-prima de Deus[17] e os salvos têm o seu “homem interior” criado de novo em Cristo Jesus: “Pois somos feitura (poi/hma = “obra de arte”)[18] dele, criados (kti/zw)[19]em Cristo Jesus para as boas (a)gaqo/j) obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”(Ef 2.10).

            Somos filhos de Deus, criados não por qualquer um, mas, pelo próprio Deus (Sl 100.3). Deus nos recria em Cristo, o Deus Encarnado, não simplesmente para uma admiração recíproca, mas, para que caminhemos nas boas obras preparadas de antemão, as quais, devido às nossas limitações, nem sempre nos parecerão belas, contudo, foram ordenadas por Deus. Os caminhos propostos pela Sabedoria de Deus são belos (Pv 3.17).[20] A grande beleza estética na vida do homem está em obedecer a Deus, seguindo os Seus caminhos!

            Com base no texto de Efésios, podemos dizer que o homem é o mais belo poema[21] de Deus, criado em Cristo Jesus nosso Senhor! O nosso novo nascimento deve nos conduzir a uma maior sensibilidade para com a beleza da Criação de Deus. Contudo, a fé cristã não se expressa em mero culto à beleza, antes, em adoração ao Deus criador de todas as coisas.

            Deus como fonte de toda beleza, exercita a arte em toda a Sua Criação. O que Schaeffer (1912-1984) diz a respeito dos Alpes suíços, nós brasileiros, poderíamos falar com muito maior propriedade a respeito das belezas diversificadas de nossa terra: “Vá aos Alpes e observe as montanhas cobertas de neve. Não há como contestar. Deus se interessa por beleza. Ele fez as pessoas para serem belas e a beleza tem seu lugar na adoração a Deus”.[22]

            Portanto, ainda que a Bíblia não seja um livro que trate de teoria estética, oferece-nos parâmetros para avaliar o sentido de arte e o seu propósito.[23]       

            Na nova dispensação o Espírito continua atuando concedendo dons aos homens para ensinar e dirigir a Igreja na Palavra (1Co 12.11/Ef 4.4-6,11-14).

Maringá, 29 de setembro de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem 6 e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20.4-6).

[2]Como por exemplo, Gombrich (1909-2001): “Na realidade, a Lei judaica proibiu a realização de imagens por temor à idolatria” (E.H. Gombrich, A História da Arte, 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 127).

[3] H.G. Stigers, Arte, Artes: In: Merrill C. Tenney, org. ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 1, p. 513. Na mesma linha escreveu Schaeffer: “A Bíblia não proíbe a confecção de arte figurativa e sim sua adoração. Só Deus deve ser adorado. Portanto, o mandamento não é contra a arte, mas contra a adoração a qualquer coisa além de Deus e, especificamente, contra a adoração à arte. Adorar a arte é um erro; produzi-la, não” (Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 20). À frente: “Não é a existência da arte figurativa que é errada, mas o seu uso incorreto” (p. 30).

[4]“Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio” (Jó 32.8). Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira canções de louvor durante a noite, que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?” (Jó 35.10-11). 2 Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 3 e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício, 4 para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, 5 para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de lavores. 6 Eis que lhe dei por companheiro Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã; e dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado(Ex 31.2-6). 31 e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício, 32 e para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, 33 e para lapidação de pedras de engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores. 34 Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã. 35 Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador em estofo azul, em púrpura, em carmesim e em linho fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos(Ex 35.31-35). 17 Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente. (…) 25 Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais. 26 Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial. 27 Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. 28 Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho. 29 Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito! (Nm 11.17,25-29). Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés impôs sobre ele as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés” (Dt 34.9).

[5]Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Editora Os Puritanos, 2000, p. 26. “Deus quis que a vocação artística fosse exercida como um aproveitamento obediente e edificante de matérias, sons, formas, paisagens, palavras, gestos e outras coisas semelhantes que Ele colocou sob os cuidados dos homens e das mulheres” (C.G. Seerveld, Arte: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,São Paulo: Vida Nova, 1988-1990, v. 1, p. 121).

[6]Cf. João Calvino, As Institutas,I.11.12; John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), v. 1, (Gn 4.20), p. 217-218; v. 3, (Ex 31.2), p. 291.

[7] João Calvino, As Institutas,I.5.2.

[8] Ilustrativo é o desenho feito por Peter Paul Rubens (1577-1640), Retrato de seu Filho, Nicholas (c. 1620).

[9]Neste particular, um bom exemplo é o desenho feito por Albrecht Durer (1471-1528), Retrato de sua mãe (1514).

[10]“O princípio é que há liberdade para se fazer algo a partir da natureza, que seja distinto dela e que possa ser levado à presença de Deus. Em outras palavras, a arte não precisa ser ‘fotográfica’, no sentido mais simples da palavra fotografia!” (Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 23). Cézanne (1839-1906), um artista de grande sensibilidade, simplicidade e acessibilidade, em carta a Charles Camoin (1879-1965) datada de 22/02/1903, disse: “Mas preciso trabalhar. Principalmente na arte, tudo é teoria desenvolvida e aplicada em contato com a natureza” (Paul Cézanne, Correspondência, São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 239. Também em H.B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (2. tiragem), p. 15). Em outra ocasião, revelando problemas no “sistema nervoso”, diz: “É preciso prosseguir. Devo, pois, produzir a partir da natureza” (Carta a seu filho Paul, datada de 13/10/1906. In: Paul Cézanne, Correspondência, São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 271. Também em H.B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, p. 20). Em cartas a Émile Bernard (1868-1941) datada de 25/07/1904: “Para fazer progressos, só através da natureza, e o olho se educa no contato com ela” (Paul Cézanne, Correspondência, p. 248. Também em H.B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, p. 17). Esta, datada de 12/05/1904: “O Louvre é um bom livro a ser consultado, mas também não deve ser mais do que um intermediário. O estudo real e prodigioso a ser empreendido é a diversidade do quadro da natureza” (Paul Cézanne, Correspondência, p. 246. Também em H.B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, p. 16). Novamente, em 1905 depois de março: “O Louvre é o livro em que aprendemos a ler. Não devemos porém, contentar-nos em reter as belas formas de nossos ilustres predecessores. Saiamos delas para estudar a bela natureza, tratemos de libertar delas o nosso espírito, tentemos exprimir-nos segundo nosso temperamento pessoal. O tempo e a reflexão, além disso, pouco a pouco, modificam a visão, e finalmente nos vem a compreensão” (Paul Cézanne, Correspondência, p. 256. Também em H.B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, p. 18). (Para uma avaliação sensível da vida e obra de Cézanne, recomendo: Fayga Ostrower, A Grandeza Humana: cinco séculos, cinco gênios da arte, Rio de Janeiro: Campus, 2003, p. 109-127).

[11]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 21-22.

[12] Herman Bavinck, Teologia Sistemática, p. 22. Do mesmo modo, veja-se: Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 84.

[13]Veja-se: Henry R. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 127-129.

[14]“…. A beleza não é produto de nossa própria fantasia, nem de nossa percepção subjetiva, mas tem uma existência objetiva, sendo ela mesma a expressão de uma perfeição Divina” (Abraham Kuyper, Calvinismo,São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 164).

[15]“Estou convencido de que uma das grandes fraquezas na pregação evangélica nos últimos anos é que nós perdemos de vista o fato bíblico de que o homem é maravilhoso. (…) O homem está realmente perdido, mas isso não significa que ele não é nada. Nós temos que resistir ao humanismo, mas classificar o homem como um zero não é o caminho certo para resistir a ele. Você pode enfatizar que o homem está totalmente perdido e ainda ter a resposta bíblica de que o homem é realmente grande. (…) Do ponto de vista bíblico, o homem está perdido, mas é grande” (Francis A. Schaeffer, Morte na Cidade, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 60,61).

[16]Jones explora com vivacidade a analogia do texto. Veja-se: D.M. Lloyd-Jones, O Caminho de Deus, não o nosso, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2003, p. 43-46.

[17]Prefácio de Calvino à tradução do Novo Testamento feita por Pierre Olivétan. In: Eduardo Galasso Faria, ed. João Calvino: Textos Escolhidos, São Paulo: Pendão Real, 2008, p. 14. W. Shakespeare, Hamlet, São Paulo: Abril Cultural, (Obras Primas), 1978, II.2.

[18] Poi/hma, quer dizer “o que é feito”, “obra”, “criação”, “obra-prima”, “obra de arte”, especialmente um produto poético. O nome da obra de Aristóteles (384-322 a.C.) que foi traduzida para o português com o título de “Poética”, em grego, intitula-se, Peri\ poihtikh/j. Aliás, são estas as palavras com as quais Aristóteles inicia a sua obra. (Vejam-se entre outros: F.F. Bruce, The Epistle to the Ephesians, a Verse-by-verse Exposition,Londres: Pickering & Inglis, 1961, in loc; M. Barth, The Anchor Bible: Ephesians, Garden City, New York: Doubleday, 1974, v. 1, in loc; Poi/hma: In: William F. Arndt; F.W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature,2. ed. Chicago: University Press, 1979, p. 689; Poi/hma: A Lexicon Abridged from Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon,London: Clarendon Press, 1935, p. 568). Para um estudo mais detalhado do verbo poie/w e de seus cognatos, vejam-se: H. Braun, poie/w: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, v. 6, p. 458-484; C. F. Thiele, Trabalhar: In: Colin Brown, ed. ger.O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 4, p. 649-652.

[19] Kti/zw, indica uma nova criação de Deus efetuada em Cristo (* Mc 13.19; Rm 1.25; 1Co 11.9; Ef 2.10,15; 3.9; 4.24; Cl 1.16 (2 vezes); 3.10; 1Ts 4.3; Ap 4.11; 10.6). Nesta palavra, como bem observa Lenski, temos o equivalente ao verbo hebraico )frfB, “chamar à existência do nada” (R.C.H. Lenski, The Interpretation of St. Paul´s Epistles to the Ephesians,Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1998, p. 425). Para um estudo mais detalhado, vejam-se: W. Foerster, kti/zw: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, v. 3, p. 1000-1035; H.H. Esser, Criação: In: Colin Brown, ed. ger.O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 1, p. 536-544.

[20]“Os seus caminhos são caminhos deliciosos (~(;nO) (no`am) (= belos, amáveis), e todas as suas veredas, paz” (Pv 3.17).

[21]Acredito poder usar esta expressão apesar de sua aplicação ser classificada por Köstenberger e  Patterson como “anacronismo semântico” (Veja-se: Andreas J. Köstenberger; Richard D. Patterson, Convite à interpretação bíblica: A tríade hermenêutica, São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 588-589).

[22]Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 25.

[23] Cf. Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 75ss.

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