A Pessoa e Obra do Espírito Santo (443)

6.4.12.1.2. A nulidade e loucura da sabedoria humana nas questões espirituais (Continuação)

Lloyd-Jones (1899-1981) colocou esta questão nestes termos:

Se vocês não partirem deste elemento de mistério e de encantamento, nunca irão crer no Evangelho. ‘Não julgues o Senhor pela débil razão.’ Reconheça a sua finitude pessoal, a sua pecaminosidade, a sua incapacidade total para entender a mente do Deus eterno.[1]

            Assim, sendo, o cristão deve aceitar este paradoxo: tornar-se louco diante dos valores deste século para entender a verdadeira e definitiva sabedoria:

18 Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio. 19 Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles. 20 E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são pensamentos vãos (1Co 3.18-20).

            Por isso a nossa fé não pode se apoiar em sabedoria humana, mas, no poder de Deus. Paulo sabia bem deste risco, certamente tão tentador para muitos. Relembra então aos coríntios, como foi a sua chegada entre eles:

Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria (sofi/a). 2Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. 4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria (sofi/a), mas em demonstração do Espírito e de poder, 5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria (sofi/a) humana, e sim no poder de Deus (1Co 2.1-5/2Co 1.12).[2]

            Continua:

Mas falamos a sabedoria (sofi/a) de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória (1Co 2.7).

Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria (sofi/a) humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais (1Co 2.13).

            A pregação entre os colossenses não foi diferente:

24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja; 25 da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: 26 o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; 27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; 28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria (sofi/a), a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; 29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim (Cl 1.24-29).

            Do mesmo modo entre os efésios:

8A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo 9 e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas, 10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria (sofi/a) de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais, 11 segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor, 12 pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele (Ef 3.8-12).

Maringá, 25 de março de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] D.M. Lloyd-Jones, Cristianismo Autêntico: Sermões nos Atos dos Apóstolos, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2006, v. 4, p. 304.

[2] Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria (sofi/a) humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para convosco” (2Co 1.12).

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