A Pessoa e Obra do Espírito Santo (435)

6.4.11. Comunidade de grata memória

Escrevendo aos efésios, Paulo demonstrou algumas das bênçãos de Deus que foram preparadas desde a eternidade e que são derramadas continuamente sobre a sua igreja, o seu povo eleito. Ele bendiz a Deus por isso (Ef 1.3).

Agora ele conduz a Igreja à oração. Aqui estão dois aspectos da vida cristã que jamais devem ser separados: Louvor e oração. Nós oramos enquanto louvamos e louvamos enquanto oramos. A nossa percepção não pode ser estanque desta prática cristã adoracional tão essencial à vida cristã.

“O louvor distingue o cristão particularmente em sua oração e em seu culto a Deus”, destaca Lloyd-Jones.[1] E mais: O nosso louvor em sua espontaneidade espiritual, deve proceder de um coração sincero[2] e agradecido, sendo guiado pelo Espírito,[3] que nos ensina por meio da Palavra.

            Paulo era um homem que mantinha viva na memória suas lembranças. A Igreja de Deus em diversos lugares ocupava a sua mente e, por isso mesmo, as suas orações. Ele mantinha em seu íntimo uma relação afável com suas igrejas, daí a sua constante e intensa lembrança de oração. “Fazendo menção (mnei/a) (= “lembrança”, “memória”) de vós nas minhas orações” (Ef 1.16).

            Esta foi e deve continuar sendo uma característica marcante da igreja: A sua lembrança recíproca tanto como pelo corpo (igreja) como pelas pessoas individualmente.

            Na Igreja Primitiva não encontramos preponderantemente em sua membresia pessoas ricas. Pelo contrário, conforme indica Paulo, “….Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1Co 1.27). Pense na satisfação de saber que somos sincera e afetuosamente lembrados e mencionados perante Deus com alegria. Irmãos lembram-se de nós nos mencionando em suas orações.

            Um comentarista bíblico escreveu sobre isso:

O que não deve ter significado para tantas pessoas humildes entrarem em uma comunidade onde era diariamente relembrado por um grande grupo de companheiros crentes, pelo grande Paulo, que fundara sua congregação, por crentes nas distantes cidades de Roma ou Antioquia! (…) Os homens constroem túmulos majestosos e pirâmides gigantescas a fim de serem relembrados após a morte. A igreja cristã é uma comunidade de memória mútua, em que a lembrança pelos outros faz parte da própria vida da igreja. Ora, essa intercessão mútua nada nos custa. Assim lembramo-nos gratuitamente tanto dos crentes mais humildes como dos crentes maiores. Sermos lembrados pelos outros crentes é uma das recompensas do Cristianismo.[4]

   Maringá, 19 de março de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]D.M. Lloyd-Jones, O Supremo Propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 48.

[2] “…. Visto que não é suficiente que pronunciemos os louvores a Deus com nossos lábios, se também não procederem do coração” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 9.14), p. 195).

[3] “Não podemos empregar nossas línguas para que deem louvor a Deus a menos que sejam elas governadas pelo Espírito Santo” (João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 12.3), p. 373).

[4]Theodore O. Wedel, The Epistle to the Ephesians: In: George A. Buttrick, ed. The Interpreter’s Bible, New York: Abingdon Press, 1953, v. 10, p. 627.

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