A Pessoa e Obra do Espírito Santo (245)

Considerações finais sobre santificação

Destaquemos aqui alguns pontos decorrentes do que tratamos sobre santificação.

          1) A santidade é imperativa na vida cristã. Deus nos escolheu em Cristo para que fôssemos santos e irrepreensíveis. Portanto, ela é uma responsabilidade de todos os cristãos (Ef 1.4). A Palavra não nos manda buscar avivamento, antes, é veemente no imperativo da santificação.

          2) A santificação é a grande evidência de nossa eleição: os eleitos vivem em santidade. Quanto mais conhecermos a Deus mais teremos consciência de sua santidade e de nossa necessidade de santificação.

          3) Deus nos concedeu tudo o que é necessário para a santificação. Devemos usar destes recursos básicos e fundamentais: a Palavra e a oração.

A santificação envolve necessariamente a educação cristã: temos que aprender a fazer o bem (Is 1.17), mudando assim os nossos hábitos, que nada mais são do que frutos consolidados do pecado. A graça de Deus é eminentemente educadora (Tt 2.11-15).

          Deus exige de nós, os crentes, “o uso diligente de todos os meios exteriores pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da salvação”[1] e que não negligenciemos os “meios de preservação”.[2] Portanto, não deixemos de ler e meditar na Palavra de Deus, esforçando-nos por vivenciá-la. Cultivemos a prática sincera e submissa da oração, participemos conscientemente do culto público e da Ceia do Senhor.

          4) A santificação é processo por meio do qual nós, filhos de Deus, vamos aprendendo a andar como tais. A Palavra é poderosa neste objetivo à medida que a vamos compreendendo e praticando.

          Esse processo é contínuo. Nos acompanhará por toda vida: ser santo é estar em santificação.

          Em síntese, santificação é o processo de assunção da nossa identidade como autênticos filhos de Deus.

          5) Não há lugar para perfeccionismo espiritual: o pecado nos acompanhará sempre evidenciando a misericórdia de Deus, a nossa fragilidade e a necessidade de buscarmos socorro no Senhor.

          6) A grande meta da vida cristã é que conheçamos a Deus e andemos em comunhão com Ele. Esta é a essência da santidade.

          7) A nossa santidade é resultante do fato de estarmos unidos a Cristo, aquele que é santo de forma definitiva.

          8) A consciência do pecado residual em nós não nos deve conduzir à acomodação no pecado, antes, a buscar o crescimento por meio da Palavra, oração e dos sacramentos, esforçando-nos por viver de modo obediente ao Senhor, nos arrependendo de nossos pecados, confessando-os e prosseguindo, por graça, na busca de uma vida que glorifique a Deus.

          9) A Palavra de Deus também nos mostra que devemos estar comprometidos com a santificação de nossos irmãos, intercedendo por eles, para que Deus realize a sua obra em sua vida: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, ora Paulo. (1Ts 5.23).[3]

          10) Jesus orou ao Pai pelos seus discípulos. Ele não pediu riqueza ou facilidades para eles, mas, rogou para que fossem santificados na verdade. Na santidade de seus discípulos o Senhor é glorificado (Jo 17.10).

          11) Quando vivemos sob a direção do Espírito, temos a certeza de que Ele nos dará a vida eterna, como consumação efetiva da Obra eterna do Deus Triúno, efetuada em nós pelo Espírito. Paulo escreve aos gálatas: “Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8/Fp 1.6).

Maringá, 19 de julho de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Catecismo Menor de Westminster,Perg. 85.

[2] Confissão de Westminster,XVII.3.

[3] “Mesmo o mais perfeito dos homens, que mereça o mais extremado enaltecimento, necessita de intercessão em seu favor, enquanto viver neste mundo, a fim de que Deus lhe conceda não só a perseverança final, mas também o progresso diário” (João Calvino, As Pastorais,São Paulo: Paracletos,1998, (Fm 4) p. 367).

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