A Pessoa e Obra do Espírito Santo (102)

    L) Dá-nos paz

Quando seguimos os “conselhos de Deus”  e a sua “luz” que emanam da sua Palavra, encontramos a paz que procede de Deus.

    Esta paz independe das circunstâncias. Ela é resultado da consciência tranquila daqueles que procuram direcionar o seu caminhar segundo Deus. “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço”, testifica o salmista. (Sl 119.165. Vd. Sl 119.47,48, 97,113,127,163,167).

No entanto, por vezes somos dominados, ainda que circunstancialmente, por angústias resultantes de pequenas coisas que nos incomodam e algumas incertezas. Em parte, isso é resultado da nossa falta de confiança em Deus e do seu cuidado.

Um dos pontos distintivos do Cristianismo é a certeza de que Deus não nos deixa à mercê de nossa sorte, antes, que ele cuida pessoalmente de nós, amparando-nos, disciplinando, consolando, estimulando e fortalecendo.

O Deus Todo-Poderoso cuida de nós. Jesus Cristo nos instrui e consola:

29 Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. 30 E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. 31 Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais. (Mt 10.29-31/Mt 6.25-34).[1]

Portanto, o melhor antídoto[2] contra o veneno da ansiedade que, aparentemente sem motivo, domina o nosso coração pecador em meio aos problemas próprios de nossa existência,  é a oração sincera e confiante, por meio da qual expomos a Deus as nossas dúvidas, temores e confiança.[3]

Não podemos combater a ansiedade apenas argumentando contra ela. A oração sincera e submissa é o caminho para a paz em nossa mente e coração.[4] As Escrituras nos guiam quando ao privilégio da oração e da paz resultante de podermos expor a Deus as nossas ansiedades.

Paulo instrui os filipenses:

6 Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. 7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus. (Fp 4.6-7).

 Quando confiamos em Deus e depositamos sobre ele as nossas angústias, podemos usufruir da sua paz que guarda a nossa mente e o nosso coração. A paz de Deus não significa, necessariamente, o escape do problema, ou um estado ideal de imperturbabilidade como queriam os gregos;[5] mas, a paz em meio à dificuldade resultante da nossa confiança em Deus.

    De certo modo, a oração é educativa na escola da adversidade. Portanto, “a oração é um antídoto para todas as nossas aflições”, testifica Calvino.[6] Por meio da oração podemos encontrar o lenitivo para as nossas almas.

    Desse modo, orar é exercitar a nossa confiança no Deus da Providência, sabendo que nada nos faltará, porque Ele é o nosso Pai. Esse Pai é o Senhor. O Senhor é o nosso Pastor.

    O nosso amor à Lei de Deus  e a confiança em sua direção, se manifestam em nossa obediência aos seus ensinamentos. De forma análoga, podemos dizer a respeito do nosso amor a Cristo, conforme Ele mesmo nos ensinou:

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu, também o amarei e me manifestarei a ele (…). Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras (…). Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vô-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14.21,23,24,27).

Maringá, 03 de fevereiro de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Bridges desenvolve bem as implicações desta compreensão. Veja-se: Jerry Bridges, A Vida Frutífera, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 75-77.

[2] “A oração é o nosso principal meio de combater a ansiedade” (John MacArthur Jr., Abaixo a Ansiedade, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 31). “Este [a oração] é o único remédio que pode aplacar nossos temores, a saber, lançar sobre ele todas as preocupações que nos atribulam” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 3.1-2), p. 82).

[3]Calvino comentando essa passagem Rm 12.12, enfatiza que “a diligência na oração é o melhor antídoto contra o risco de soçobrarmos” (João Calvino, Exposição de Romanos,São Paulo: Paracletos, 1997, (Rm 12.12), p. 438). “O grande antídoto para ansiedade é aproximar-se de Deus em oração” (Jerry Bridges, A Vida Frutífera, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 76).

[4] “A oração produz uma alegria maior do que a que o mundo pode dar, por meio da paz e segurança que o Senhor pode proporcionar” (J.A. Motyer, Salmo: In:  D.A. Carson, et. al., eds. Comentário Bíblico: Nova Vida, São Paulo: Vida Nova, 2009, (Sl 4.8), p. 742).

[5] Veja-se: W. Foerster, Ei)rh/nh: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1982 (Reprinted), v. 2, p. 400-402.

[6]John Calvin, Commentary of the Book of Psalms, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House (Calvin’s Commentaries, v. 6/4), 1996 (Reprinted), (Sl 118.5), p. 379.

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