A Pessoa e Obra do Espírito Santo (161)

6.3.2.3. Vocação eficaz: Da eternidade para eternidade em santidade  (Continuação)

Vivemos sob a égide do envelhecimento e morte.A morte é uma consequência de todo organismo material e, portanto, do ser humano. A morte faz parte da vida; acostumamo-nos com isso.

Na enfermidade e perseguição parece que esta realidade se configura com maior evidência trazendo maiores consequências para o nosso coração. A consciência certeira da morte, por mais que a queiramos ignorar, nos mantém cativos em nossa angústia, marcada pelo senso de limite e finitude.

Pedro como ser humano e pastor, lida com estas questões. Ele considera a alegria da vocação de Deus a despeito das tristezas circunstanciais de nossa existência ou, resultantes de nossa fidelidade à vocação celestial.

A sua certeza é que o Deus que nos chama, também nos preserva e sustenta nos conduzindo ao seu Reino celestial. Tendo isso em vista, escreve às igrejas perseguidas, duramente provadas (1Pe 4.12-19),[1] trazendo um consolo escatológico. Ele as conforta com a certeza de uma herança pura, que não murcha e é eterna, concedida e preservada por Deus para a Sua Igreja.

3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4 para uma herança (klhronomi/a) incorruptível (a)/fqartoj = imortal),[2] sem mácula (a)mi/atoj = puro, incontaminado),[3] imarcescível (a)ma/rantoj),[4] reservada nos céus para vós outros 5 que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. 6 Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, 7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; 8 a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, 9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1Pe 1.3-9).

           A vocação de Deus é para a vida eterna. Deus não frustra os seus propósitos independentemente dos inimigos de nossa alma. Precisamos aprender a confiar e descansar nas promessas de Deus.

           A vocação de Deus é perfeita e para um alvo perfeito. Estamos nas mãos de Deus. Confiemos nele e, deste modo, no caminho que Ele mesmo nos propõe.Pedro, portanto, estimula a Igreja perseguida trazendo à lembrança a certeza de que Deus, Deus mesmo tem preservado (guardado) para os seus uma herança maravilhosa que ultrapassa em muito a nossa capacidade de exaustiva percepção (Ef 3.20).[5]

Jesus Cristo nas vésperas de sua morte, fala também da eternidade. Ele ora ao Pai a nosso favor:

24 Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam (qewre/w)(= percebam, considerem, contemplem, experimentem) a minha glória (do/ca) que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. (Jo 17.24).

Ele deseja que seus discípulos partilhem da sua glória eterna. A herança de nossa vocação sem dúvida envolve conhecer a Deus, por meio de Cristo, em sua plenitude da glória revelada.

          O nosso bem maior, a nossa herança está nos novos céus e nova terra criados pelo Senhor, cuja vida e grandeza estarão no Senhor que, com Sua presença, comunica vida, alegria e paz a todos os seus habitantes. A nossa herança, a rigor falando, é o próprio Senhor Jesus Cristo.

1Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2 Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. 3 Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. 4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. 5 E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. 6 Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. (Ap 21.1-6).

Paulo, de olho na eternidade e nos sofrimentos presentes tão concretos, mesmo que não dispusesse de parâmetros definitivos, visto ainda estar neste estado de existência, dispunha de uma amostragem significativa do Reino (Rm 8.23). Assim, inspirado por Deus, afirma com alegre convicção: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós” (Rm 8.18. Veja-se: 1Co 2.9).

          A comunhão eterna com Deus é a nossa maior herança:

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é. (1Jo 3.1-2).

Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. (Rm 8.17).

Maringá, 15 de abril de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; 13 pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. 14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. 15 Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; 16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome. 17 Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? 18 E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador? 19 Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem” (1Pe 4.12-19).

[2] * Rm 1.23; 1Co 9.25; 15.52; 1Tm 1.17; 1Pe 1.4,23; 3.4.

[3] *Hb 7.26; 13.4; Tg 1.27; 1Pe 1.4.

[4] *1Pe 1.4.

[5]“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3.20).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *