A Pessoa e Obra do Espírito Santo (439)

6.4.12.1. Espírito de Sabedoria

 “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria (sofi/a) e de revelação (a)poka/luyij) no pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) dele” (Ef 1.17).

            Paulo ora para que o Deus Pai, pelo Espírito que já nos selou, e o temos como penhor de nossa salvação (Ef 1.13-14), aja em nós poderosamente, nos concedendo sabedoria espiritual para podermos conhecer mais a Deus em nossa caminhada na vida cristã. Estudemos um pouco mais sobre o conceito de sabedoria nas Escrituras.

6.4.12.1.1. A sabedoria pertence a Deus

Devemos primeiramente entender que a sabedoria pertence a Deus. Esta é um dos Atributos de Deus. Todo conhecimento e toda sabedoria fazem parte da natureza essencial de Deus e se revelam em seus atos, na Criação e em Sua Palavra.[1]

            Sempre é bom reafirmar que a Revelação de Deus não é uma não-revelação, um despiste ou disfarce ou mesmo, algo inconsistente com Ele. Deus dá um testemunho idôneo de Si mesmo. Somente Deus pode fazê-lo de forma perfeita e completa.[2] O Deus que revela é o conteúdo da revelação. O Revelador é o Revelado. Deus Se revela tal qual é, contudo, de forma que possamos entender. Deus é sábio em Si mesmo, expressando isso em seus atos, Palavra e obras.

            Paulo, de forma doxológica, conclui a Carta aos Romanos: “Ao Deus único e sábio (sofo/j) seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém!” (Rm 16.27).

            Notemos que esta glória atribuída a Deus deve ser dada por meio de Jesus Cristo, seu Filho amado, o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5), por meio de quem a sabedoria de Deus se manifestou de forma encarnada. Por isso é que o culto que prestamos a Deus é por meio dos méritos de Cristo. Todo o nosso relacionamento com o Pai só é possível por meio de Jesus Cristo. Ele é o caminho de todas as bênçãos, sendo Ele mesmo a maior de todas (Rm 8.32).[3]

            É assim que Paulo escrevera aos Efésios um pouco acima: 6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, 7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria (sofi/a) e prudência (fro/nhsij = inteligência, bom senso, discernimento)(Ef 1.6-8).

            Da mesma forma aos Colossenses:      

1Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face; 2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, 3 em quem todos os tesouros da sabedoria (sofi/a) e do conhecimento (gnw=sij) estão ocultos (Cl 2.1-3).

Maringá, 25 de março de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]“Que variedade, SENHOR, nas tuas obras (hf,[]m) (ma`aseh)! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas” (Sl 104.24). Na Criação podemos perceber aspectos da bondade de Deus que nos aliviam em nossas dores e limitações, nos concedendo a visão da harmoniosa variedade e beleza daquilo que criou. Nesta visão, somos conduzidos a admirar e a glorificar a Deus por Sua manifestação de sabedoria, bondade e graça para conosco.

[2]“Pois, como haja a mente humana, que ainda não pode estatuir ao certo de que natureza seja a massa do sol, que entretanto se vê diariamente com os olhos, de reduzir à sua parca medida a imensurável essência de Deus? Muito pelo contrário, como haja de, por sua própria operação, penetrar até a substância de Deus, a fim de perscrutá-la, ela que não alcança nem ao menos a sua própria? Por cuja razão, de bom grado deixemos a Deus o conhecimento de si mesmo, pois, além de tudo, como o diz Hilário, ele próprio, que não foi conhecido, a não ser por si mesmo, é de si mesmo a única testemunha idônea. Ora, deixaremos com ele o que lhe compete se o concebermos tal como ele se nos manifesta; e só poderemos inteirar-nos disto por intermédio de sua Palavra” (João Calvino, As Institutas, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, I.13.21).

[3]Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32).

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