Teologia da Evangelização (59)

2.4.3.2.2.9.1. Uma bendita convicção (Continuação)

Esta convicção não se respalda na força de nossa fé que “segura na mão de Deus”, antes, na graça preservadora de Deus que se caracteriza pelo fato de Deus mesmo, “segurar a nossa mão”, preservando-nos com o seu poder até a consumação de sua obra em nós. Sem dúvida, se dependesse de nós mesmos, de nossas mãos frágeis, cairíamos fatalmente da graça.  A salvação foi concebida, executada e garantida totalmente pelo trabalho da bendita Trindade.

          Comentando Jo 10.27-29, Hoekema (1913-1988) conclui:

A segurança dos crentes não depende da firmeza com que seguram em Cristo, mas da firmeza com que Cristo os segura. (…) A mão do Filho e a mão do Pai agarram a fraca e frágil mão do crente, seguram-na tão estreitamente que ninguém será capaz de subtrair o crente do duplo aperto das mãos de Deus.[1]

          Sabemos de nossa fragilidade. Não nos acomodamos no pecado. Contudo, temos ciência de nossas limitações. Não tenhamos ilusões quanto a isso. Assim, a nossa fé repousa no poder soberano do Deus que nos guarda (Jd 24).[2]

          O Hino, Amparo Divino,[3] expressa bem esta convicção que permeia o tempo e nos conduz em segurança à eternidade:

Com tua mão segura bem a minha,

Pois eu tão frágil sou, ó Salvador,

Que não me atrevo a dar jamais um passo

Sem teu amparo, Cristo, meu Senhor!

Com tua mão segura bem a minha,

E meu caminho, alegre, seguirei!

Mesmo onde as sombras caem mais escuras,

Teu rosto vendo, nada temerei.

E no momento de transpor o rio

Que Tu, por mim, vieste atravessar,

Com tua mão segura bem a minha,

E sobre a morte eu hei de triunfar.

Quando voltares lá dos céus descendo,

Segura bem a minha mão, Senhor!

E, meu Jesus, conduze-me contigo

Para onde eu goze teu eterno amor. Amém.

          A Confissão de Westminster resume:

Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos”.

Esta perseverança dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade” (XVII.1-2).

          Esta doutrina está relacionada a diversas outras doutrinas bíblicas. Como a nossa abordagem não tem a pretensão a ser exaustiva, indicarei apenas alguns textos bíblicos relacionados ao nosso assunto e, no momento próprio retornaremos a alguns deles.

João 3.36:   Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

João 4.14: Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.

João 5.24: Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.

João 6.37-40: 37 Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. 38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. 39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. 40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

João 10.27-30; 44-45, 65: 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. 29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.30 Eu e o Pai somos um. (…) 44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim. (…) 65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.

João 17.11-12: 11 Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. 12 Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

Rm 8.1: Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

Romanos 8.29-30:  29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

Romanos 8:35-39:  35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

1 Coríntios 1.8-9: 8 o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

2 Coríntios 1.21-22: 21 Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, 22 que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.

Efésios 1.12-14:  12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; 13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.

Efésios 4.30: E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.

2 Timóteo 4.18: O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!

1 Pedro 1.3-5: 3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4 para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros 5 que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.

1 João 2.19: Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.

1 João 5.4,11:  4 porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. 11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho.

1 João 5.13:  Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.

Judas 24-25: 24 Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, 25 ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!

  Maringá, 09 de setembro de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Anthony Hoekema, Salvos pela Graça, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 246.

[2] Vejam-se: Anthony Hoekema, Salvos pela Graça, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 241-242; Michael Horton, Doutrinas da fé cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 716ss.

[3]A letra utilizada foi extraída do Hinário Presbiteriano Novo Cântico, Hino nº 153.  Letra original em inglês de Fanny Jane Crosby (1820-1915) (1879) e música de Hubert P. Main (1839-1925) (1880). Tradução de Henry Maxwell Wright (1849-1931) (1910).

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