Teologia da Evangelização (176)

 4.6. Os Frutos do Evangelho (Continuação)

E. Selo e Penhor do Espírito:[1] “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho (eu)agge/lion) da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados (sfragi/zw) com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor (a)rrabw/n) da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef 1.13-14).

          Como temos insistido, o Evangelho, como “palavra da verdade”, modifica a nossa vida neste estado de existência e, também, tem implicações escatológicas. Pelo Evangelho ouvido e crido, temos a certeza da nossa salvação; é o Espírito Santo quem nos garante isso. Algo maravilhoso para nós é saber que temos um Deus que cuida de nós, que se compromete com a salvação de Seu povo, nos garantindo e nos concedendo esta certeza.

          Palmer (1922-1980) colocou a questão nestes termos:

É uma grande bênção ter um Deus que não é uma Pessoa senão três. Constitui uma Trindade abundante. Porque não só um Pai que nos ama e cuida de nós, senão também um Cristo que trouxe salvação e intercede por nós e um Espírito Santo que mora dentro de nós e aplica a salvação à nossa vida.[2]

          Conforme vimos de forma detalhada, o Espírito é o penhor (a)rrabw/n) da nossa salvação (2Co 1.22; 5.5; Ef 1.14). Fomos selados com Ele (2Co 1.22; Ef 1.13; 4.30) – como indicativo de propriedade, autenticidade e inviolabilidade dos eleitos. O Espírito é o sinal e penhor daquilo que teremos no futuro. O Espírito é o adiantamento da compra já efetivada e que não será desfeita. O Espírito é a garantia de que os eleitos o são para sempre; ninguém pode nos arrancar das mãos de Deus. Ambas as figuras – “penhor” e “selo” –, assinalam o fato de que pertencemos a Deus e, que a Obra que Ele mesmo iniciou será plenamente cumprida em nós (Fp 1.6). Desta forma, o “penhor” e o “selo” do Espírito têm implicações escatológicas, porque apontam para o futuro, quando a Obra do Deus Triúno será concluída em nós (1Pe 1.3-9).  

F. Luz, vida e imortalidade: “Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2Tm 1.8-10).

          O Evangelho nos libertou das trevas da ignorância na qual andávamos outrora. Agora, conhecendo o Senhor, temos vida significativa (Jo 10.10) e a certeza de vida eterna. Esta certeza confere sentido à nossa existência aqui e agora. “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).

G. Libertação: Jesus Cristo no início de seu ministério terreno entra na Sinagoga e lê uma passagem do profeta Isaías identificando-se como O que fora prometido: Ele é o Messias.

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar (Eu)aggeli/zw) os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. (Lc 4.18-21).

          O Evangelho é a mensagem de libertação. Pelo Evangelho fomos alforriados do domínio do pecado para Deus. Conhecemos a verdade e agora permanecemos na liberdade do Espírito para fazer a vontade de Deus (2Co 3.17). (Vejam-se: Jo 8.32/2Co 3.17/Gl 5.1).

H) Fraternidade Cristã e participação na promessa: Não há orgulho ou exclusivismo na fé.[3] Todos fomos alcançados pela graça eficaz de Deus. O Evangelho vem nos mostrar que todos os homens, independentemente de cor, raça ou condição social, em Cristo tornam-se um corpo de pecadores regenerados e, agora, herdeiros das mesmas promessas de Deus: “….os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Ef 3.6/Rm 8.17).

Maringá, 20 de fevereiro de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, Efésios ‒ O Deus Bendito, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 113ss.

[2] Edwin H. Palmer, El Espiritu Santo,Edinburgh: El Estandarte de la Verdad, [s.d.], Edición Revisada, p. 14.

[3] “Não existe orgulho na fé. Fé é simplesmente a crença de que nada podemos fazer para nos salvar, mas que confiamos plenamente na graça de Deus” (Peter Jones, Verdades do Evangelho x Mentiras pagãs, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 34).

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