Teologia da Evangelização (124)

4.3.2. A Glória de Deus e de Cristo [1]

A primeira e maior verdade acerca da salvação é que ela nos revela a glória de Deus, a majestade, o esplendor de Deus – D.M. Lloyd-Jones.[2]  

 “Evangelho da Glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2Co 4.4). “O Evangelho da glória de Deus” (1Tm 1.11).

          Deus, o nosso Pai, é o Deus glorioso (Mt 6.9,13), Aquele que habita o céu. A glória de Deus é a beleza harmoniosa de suas perfeições e da Sua obra salvadora; “é a refulgência da plenitude dos Seus atributos”.[3]

          A glória de Deus é tão eterna quanto Ele o é. O Deus a quem oramos é eternamente o Deus da glória: A Ele pertencem “o reino, o poder e a glória para sempre”(Mt 6.13).

          A glória do Pai permanece invisível a todos nós até que ela se torne visível em Cristo; isto acontece pelo Espírito, quem nos conduz a Ele: O Filho revela-nos o Pai, o Espírito revela-nos o Filho. O Espírito glorifica a Cristo (Jo 16.14) e, é em nós o embrião da glória futura (Rm 8.18; 2Co 4.17). A Trindade é gloriosa.

          Jesus Cristo, nas horas que antecediam a Sua auto-entrega em favor do seu povo, ora ao Pai: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti (…). Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”(Jo 17.1,4,5).

          O Deus Trino é o Senhor da glória. “O grande desejo de nosso Senhor em toda a sua vida na terra era glorificar seu Pai”, declara Lloyd-Jones.[4]

          A glória de Deus se revela na sua Criação e na sua obra salvadora, por intermédio da qual Ele redime o seu povo. Portanto, nós podemos chamá-lo de Pai, porque Ele, na manifestação da sua glória, nos salvou. A nossa salvação se constitui na maravilhosa demonstração da glória de Deus.

          Na Igreja a glória da graça de Deus se evidencia de forma inimaginável para todos que conheciam aqueles que hoje constituem a Igreja. Somente um Deus glorioso em si mesmo poderia se revelar glorioso em sua graça operando do modo que fez, nos tornando instrumentos de louvor de Sua glória. Isto tudo foi possível no “Amado”, em Cristo Jesus, o Senhor da glória (Ef 1.6,12).[5] Somente Deus com um tal amor pelo Seu povo poderia revelar-se gloriosamente desta forma (Jo 3.16).

          A Palavra de Deus nos diz: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”(Sl 19.1). “Em suas obras há glória e majestade, e a sua justiça permanece para sempre”(Sl 111.3). Deus declara diretamente: “A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei e fiz”(Is 43.7).

          Portanto, a nossa oração deve vir acompanhada previamente do senso de adoração: Deus é o Senhor da glória; e de gratidão: a nossa salvação é por meio de sua glória e para a sua glória.

          A glória do Evangelho começa em Deus Pai. O Evangelho é glorioso porque origina-se e pertence a Deus. “O evangelho da glória de Deus” (1Tm 1.11). O Evangelho também é “da Glória de Cristo”, porque Jesus Cristo é Deus: “é a imagem de Deus” (2Co 4.4).

          Lloyd-Jones, resume:

O Evangelho não começa nem mesmo pelo Senhor Jesus Cristo, começa por Deus o Pai. Sempre e em toda parte da Bíblia começa por Deus o Pai, e nós devemos fazer o mesmo, porque essa é a ordem presente na Trindade santa e bendita: Deus o Pai, Deus o Filho, Deus o Espírito Santo.[6]

Maringá, 23 de novembro de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Vejam-se: John Owen, A Glória de Cristo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1989, especialmente, p. 17ss; J.I. Packer, O Plano de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, (s.d.), especialmente, p. 19ss.

[2] D.M. Lloyd-Jones, O Supremo Propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 125.

[3]J. Ridderbos, Isaías: Introdução e Comentário, São Paulo: Vida Nova; Mundo Cristão, 1986, (Is 6.1-4), p. 94.

[4]D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 47.

[5] Veja-se: David M. Lloyd-Jones, O Supremo Propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 123-131.

[6]D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, p. 45.

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