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Rei e Pastor: O Senhor na visão e vivência dos salmistas (40) - Hermisten Maia

Rei e Pastor: O Senhor na visão e vivência dos salmistas (40)

2. É justo

A. Justiça essencial

O nome Yehovah denota o poder livre e soberano e a autoexistência de Deus: Deus existe por si só, não dependendo de ninguém, de nenhuma circunstância. O seu poder eterno emana de si mesmo, que é a sua fonte inesgotável. Deus mesmo disse a Moisés: “Eu Sou o que Sou”(Ex 3.14).

            A justiça é inerente ao conceito de Deus no Antigo Testamento, bem como ocupa um lugar central em todas as relações humanas. O padrão que deve reger nossas relações é o princípio de justiça estabelecido na Lei de Deus.[1]

            Sobre isso escreveu Von Rad (1901-1971):

Dentre os conceitos que designam as relações vitais do homem, o conceito de tzedâkâh [justiça] é o mais importante e o mais central de todo o Antigo Testamento. Constitui o critério das relações entre o homem e Deus, dos homens entre si, até nas disputas mais insignificantes, do homem com os animais e do homem com o ambiente natural em que ele se move. O tzedâkâh pode, simplesmente, ser apontada como o valor supremo da vida e o fundamento em que repousa toda a existência ordenada.[2]

Justo em si mesmo

            Deus é justo em sua própria essencialidade, mantendo-se contrário a toda e qualquer violação da sua santidade. A ira de Deus é uma expressão da sua justiça diante do pecado que consiste na quebra de sua Lei revelada.[3]

            A Escritura nos ensina que Deus é justo em si mesmo. É absolutamente justo e, por isso mesmo, justo em suas relações. A natureza santa de Deus é a lei, e a partir dela todas as demais leis devem ser avaliadas. O padrão da justiça de Deus é-nos revelado nas Escrituras.[4]

            O salmista exaltando a Deus que se revela na natureza e na Palavra, canta: “Os juízos do SENHOR (hw”hoy>) (Yehovah) são verdadeiros e todos igualmente, justos (qd;c’) (tsadaq)” (Sl 19.9).

Maringá, 04/05 de outubro de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]“Na Lei de Deus nos é apresentado um padrão perfeito de toda a justiça que pode, com razão, ser chamada de vontade eterna do Senhor. Deus condensou completa e claramente nas duas tábuas tudo o que Ele requer de nós. Na primeira tábua, com uns poucos mandamentos, Ele prescreve qual é o culto agradável à Sua majestade. Na segunda tábua, Ele nos diz quais são os ofícios de caridade devidos ao nosso próximo. Ouçamos a Lei, portanto, e veremos que ensinamentos devemos tirar dele e, similarmente, que frutos devemos colher dela” (João Calvino, Instrução na Fé, Goiânia, GO: Logos Editora, 2003,Cap. 8, p. 21).

[2]Gerhard Von Rad, Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: ASTE, 1986 (Reedição), v. 1, p. 353. Veja-se:  A.H. Leitch, Justiça: In: M.C. Tenney, org. ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 3, p. 807.

[3]“Intimamente relacionada com a santidade de Deus está a sua ira, a qual é, de fato, a sua reação santa ao mal” (John R.W. Stott, A Cruz de Cristo,Miami: Vida, 1991, p. 93). “Ira e furor do Senhor não são perturbação da mente e sim força vindicativa, inteiramente justa, pois serve-o submissa toda a criação.  (…) A ira de Deus, portanto, é a comoção da alma, conhecedora da lei de Deus, ao ver o pecador transgredir a mesma lei” (Agostinho, Comentário aos Salmos,São Paulo: Paulinas, 1997, (Patrística, 9/1), v. 1, (Sl 2.4), p. 26).

[4]Veja-se Louis Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 77-78.

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