Os eleitos de Deus e o seu caminhar no tempo e no teatro de Deus (7)

3.2. Liberdade Soberana de Deus

O Poder de Deus é soberanamente livre. Deus não tem primariamente compromissos com terceiros; em outras palavras, Deus é soberano em Si mesmo, a onipotência faz parte da sua essência, por isso para Ele não há impossíveis; apesar de qualquer oposição, Ele executa o Seu plano;[1] tudo o que Ele deseja, pode realizar (Mt 19.26; Jó 23.13[2]).[3] No entanto, Deus não precisa exercitar o Seu poder para ser o que é.

Deus é tão eterno quanto o Seu poder; Ele sempre foi e será o que é, independentemente de qualquer elemento externo a Ele. Deus existe eternamente por Si próprio.[4] Por isso que a Bíblia não tenta explicar a existência de Deus; ela parte apenas do fato consumado de que Deus existe, manifestando o Seu poder em Seus atos criativos (Gn 1.1).

Portanto, Ele não sofre influência de ninguém, de nenhuma causa externa. Ele faz tudo conforme o conselho da Sua vontade. (Sl 106.8; Is 40.13-14; Dn 3.17-18; 4.35; Rm 9.15; 11.34-36; Ef 1.5,11).

 

3.3. A existência de um plano divino

Deus nos elegeu com um propósito específico. Esta escolha, feita na eternidade, denota a existência de um plano, o qual Deus mesmo dirige (Ele é o Senhor da História) para a execução da Sua vontade.

A própria existência de um plano pressupõe naturalmente haver meta, alvo; um objetivo a ser alcançado. A palavra “plano” dentro do nosso estudo, tem o sentido de “processo ou empreendimento com fim determinado”.[5]

Pelo fato de Deus ser Todo-Poderoso, pode determinar livremente as Suas ações, o que de fato faz, manifestando tal poder nos Seus Decretos.[6] Deus eternamente tem diante de Si uma infinidade de possibilidades de decisões sobre todas as coisas; entretanto, Ele “decidiu” fazer do modo que fez por Seus próprios motivos, sem que haja a possibilidade de influência de ninguém; nem de anjos, nem de homens –, visto que nenhum deles fora ainda criado e, também, porque Deus não necessita de conselhos (Is 40.13,14; Rm 11.33-36).

 

Charles Hodge (1797-1878), diz corretamente, que um plano supõe:

a) A seleção de um fim definido ou objetivo a ser realizado;

b) A seleção de meios apropriados

c) Finalmente, no caso de Deus, a aplicação efetiva e controle desses meios para a realização do fim projetado.[7]

 

A sabedoria de Deus se revela na escolha dos melhores fins e na seleção dos meios eficazes para atingi-los (Sl 33.11; 139.16; Is 37.26; At 2.23; 4.28; Rm 8.28; Ef 1.4; Hb 1.1-4). Portanto, o plano de Deus é sempre o melhor, porque foi Ele Quem sábia e livremente o escolheu e, Ele mesmo levará a cabo todo o Seu propósito. “Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder pertence a Deus” (Sl. 62.11).

 

Recife, 2 de abril de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

Leia esta série completa aqui.

 


[1] Ver: Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 479-512.

[2] “Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível” (Mt 19.26). “Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem o pode dissuadir? O que ele deseja, isso fará” (Jó 23.13).

[3] Stott coloca nestes termos: “A liberdade de Deus é perfeita, no sentido de que Ele é livre para fazer absolutamente qualquer coisa que Ele queira” (John Stott, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, São Paulo: ABU Editora, 1997, p. 58).

[4] Veja-se uma boa discussão sobre isso em R.C. Sproul, Razão para Crer, São Paulo: Mundo Cristão, 1986, p. 80-83.

[5]Plano: In: Aurélio B. de H. Ferreira, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, p. 1344.

[6] Veja-se: Confissão de Westminster (1647), Capítulo III.

[7] Veja-se: Charles Hodge, Systematic Theology, v. 2, p. 313.

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