Os eleitos de Deus e o seu caminhar no tempo e no teatro de Deus (10)

5.2. É eterna e imutável

Os propósitos de Deus são eternos (Ef 3.11); o Seu decreto é eterno. Deus não está circunscrito ao tempo, à aprendizagem e à “maturação das ideias”. Deus é o senhor do tempo e das circunstâncias; o tempo é onde Deus revela o Seu propósito eterno.[1] De fato, o que é a história, senão o palco onde Deus efetiva o Seu Reino?! “A chave da história do mundo é o Reino de Deus.”[2] O propósito de Deus na história como realidade presente, faz parte da essência de nossa fé.[3]

 

De modo mais específico, vemos biblicamente que Deus nos escolheu na eternidade com um propósito eterno: Somos filhos da eternidade, não do tempo. Deus nos escolheu na eternidade para a eternidade. Aqueles aos quais Deus escolheu em amor, serão acompanhados por Deus mesmo, em Sua graça, fazendo-os desenvolverem a sua salvação até à consumação gloriosa. Esta “boa obra” iniciada pelo Espírito em nós será completada, de eternidade a eternidade (Fp 1.6).[4] “Não é propriamente nossas obras em si mesmas que Deus considera, e sim, sua graça em nossas obras”, conclui Calvino.[5]

 

Spurgeon (1834-1892), pregando sobre este ponto, exulta: “Quão doce é crer que nossos nomes estavam no coração do Senhor e gravados nas mãos de Jesus muito antes que o mundo existisse! Não seria este motivo suficiente para fazer-nos transbordar de gozo e encher-nos de alegria?”.[6]

 

A nossa salvação não depende da nossa obediência incerta; ela tem a garantia do propósito imutável de Deus que se revelará em nossa obediência; por isso, podemos ter a certeza da nossa salvação (Mt 24.22,24 [Mc 13.20]; Rm 8.29,30; 9.11; Ef 1.4,5; 2Tm 2.19; Hb 6.17).[7]

 

Considerando a sábia e infalível providência de Deus, A.A. Hodge (1823-1886) conclui: “Já que Ele é um Ser eterno e imutável, seu plano certamente existiu em todos os seus elementos, perfeito e imutável, desde a eternidade”.[8]

 

Recife, 3 de abril de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

*Leia esta série completa aqui.

 


[1]Meu antigo professor de História da Igreja, escreveu: “[A História da igreja é] a narração dos fatos relativos à origem, ao desenvolvimento e propósito do Reino de Deus na Terra” (Lázaro Lopes de Arruda, Anotações de História da Igreja, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, Tomo I, p. 15).

[2] D. Martyn Lloyd-Jones, Do temor à Fé, Miami: Editora Vida, 1985, p. 23.

[3] Veja-se A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989, p. 39ss. “O Reino de Deus é no Novo Testamento, a vida e a meta do mundo que correspondem às intenções do Criador” (Karl Barth, La Oración, Buenos Aires: La Aurora, 1968, p. 51).

[4] “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).

[5]João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 6.10), p. 159. Sobre as obras como evidência de nossa eleição no pensamento de Calvino, ver: Joel R. Beeke, A Busca da Plena Segurança: O Legado de Calvino e Seus Sucessores, Recife, Pe: Editora Os Puritanos, 2003, p. 97ss.

[6] C.H. Spurgeon, Sermões do ano de Avivamento, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1994, p. 99. (Sermão pregado em 6 de março de 1859).

[7] Veja-se, Cânones de Dort, I.11.

[8]Archibald A. Hodge, Confissão de Fé Westminster Comentada por A.A. Hodge, São Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 96.

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