Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (71)

Numa confusão de valores e a propensão reinante para o mal criando um clima de insegurança e medo, algo que pode sustentar a nossa fé, é a convicção que o nosso Deus é santo. Por isso, não há impurezas em seus propósitos.

Notemos como esta certeza foi fundamental na vida de outros servos de Deus: Maria, radiante em sua gravidez − que poderia ser considerada no mínimo embaraçosa −, canta jubilosa: “O Poderoso me fez grandes cousas. Santo é o seu nome”(Lc 1.49).

A nossa relação com o Pai é por meio de Jesus Cristo, Aquele que é Santo: “Sumo sacerdote (…) santo, inculpável, sem mácula”(Hb 7.26).

Diante da certeza destes ensinamentos, temos o consolo de que mesmo vivendo num mundo de mentiras, contradições e falsidades, podemos ter uma convicção: o nosso Deus é santo. Ele é totalmente avesso ao mal. A sua direção e propósitos são santos. Posso confiar totalmente na integridade de sua orientação. Ele fala e age conforme a sua santa natureza.

Em Deus não há ambiguidades, caminhos e promessas duvidosos. Todo o seu proceder é Santo, condizente com a sua natureza. A sua Palavra, os seus preceitos e caminhos são puros, verdadeiros e santos. “A Santidade destaca sua absoluta justiça que não tolera nenhuma sombra do mal. (…) A santidade de Deus é uma separação de tudo aquilo que tem o menor vestígio do mal”, escreve Sire (1933-2018).[1]

Deste modo, se sigo os seus preceitos, se guardo com fé os seus mandamentos, posso ter a certeza de agir de acordo com o Deus que é santo em todos os seus caminhos. Não há impureza nos caminhos de Deus.

A nossa relação com o Pai é por meio de Jesus Cristo, Aquele que é Santo: “Sumo sacerdote (…) santo, inculpável, sem mácula”(Hb 7.26).

O próprio Cristo, como temos visto, às vésperas de sua autoentrega em favor do seu povo, ora ao Pai, chamando-o de“Pai Santo” (Jo 17.11). A santidade absoluta de Deus se revela na cruz, onde o seu amor e a sua justiça se evidenciam de forma eloquente e perfeita.[2] Como escreveu Lloyd-Jones (1899-1981):

Se lhes fosse solicitado responder onde a Bíblia ensina a santidade de Deus mais poderosamente teriam de ir ao Calvário. Deus é tão santo, tão plenamente santo, que nada senão aquela morte terrível poderia tornar possível que Ele nos perdoasse. A cruz é a suprema e a mais sublime declaração e revelação da santidade de Deus.[3]

Este Deus que é Santo instrui-nos por meio de sua Palavra que é santa: “Falou Deus na sua santidade” (Sl 60.6). E é por meio desta mesma Palavra, que é a verdade, que Ele nos santifica (Jo 17.17).

Maringá,11 de junho de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]James W. Sire, O Universo ao Lado, São Paulo: Hagnos, 2004, p. 32.

[2] “A cruz e a coroa revelam não apenas as virtudes do Filho, mas também do Pai. Todos os atributos divinos alcançam plena expressão aqui. Dentre todas elas, uma sobressai: a justiça do Pai. Se Ele não tivesse sido justo, certamente não teria entregue seu Filho Unigênito. E também, se não fosse justo, Ele não teria recompensado o Filho por Seu sofrimento. Mais, por meio dos louvores da multidão salva, o Pai (bem como o Filho) é glorificado” (William Hendriksen, O Evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004(Jo 17.1), p. 754). “A cruz se levanta como testemunho da infinita dignidade de Deus e o infinito ultraje do pecado” (John Piper, A Supremacia de Deus na Pregação, São Paulo: Shedd Publicações, 2003, p. 31).

[3]D. M. Lloyd-Jones. Deus o Pai, Deus o Filho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997, p. 97. “A santidade e a retidão do Seu ser eterno e do Seu caráter significam que ele não pode ignorar o pecado. O pecado é uma realidade, um problema (…) até para Deus. É uma coisa que ele vê e da qual tem que tratar, e assim manifesta a glória do Seu ser em Sua santidade e justiça” (D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 51).

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