“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (49)


Apesar de sabermos que não podemos separar a obra da Trindade de forma arbitrária, para uma visão melhor do assunto, mostraremos biblicamente, como as três pessoas da Trindade agem de forma poderosamente eficaz em prol de nossa santificação.[1]

1) O Pai

Jesus orou ao Pai para que santificasse os seus discípulos: “Santifica-os (a(gia/zw) na verdade” (Jo 17.17). Do mesmo modo orou Paulo: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”(1Ts 5.23). Ambas as orações ressaltam, além da confiança, o fato de que o Deus Pai é poderoso para nos santificar, o que de fato Ele faz.

O Pai que nos escolheu em Cristo, continua operante, nos disciplinando para que participemos de sua santidade (Hb 12.5-11), propiciando todos os meios para que cresçamos em nossa fé, desenvolvendo a nossa salvação (Fp 2.13/Hb 13.20-21).

Deus não somente tem um santo propósito para nós, mas, também, nos disponibiliza os recursos para tal. Aprendemos também que um dos principais recursos dos quais devemos nos valer, é a oração. Devemos orar, neste sentido, por nós mesmos, e pelo nosso próximo. A oração intercessória faz parte essencial da santificação da igreja.

2) O Filho

A santidade da igreja é algo tão importante, tão vital, que o Filho além de orar ao Pai para que nos santificasse, Ele mesmo se ofereceu por nós para que a nossa santidade fosse real. Sem a obra do Filho, a sua oração em nosso favor não teria eficácia. Sem a encarnação, quando o Filho abre mão da manifestação da glória de sua deidade, não haveria santificação. A santificação é o resultado da vinda de Jesus Cristo, sua morte e ressurreição. Por isso, nós somos santos e santificados em Cristo Jesus, aquele que foi morto e ressuscitou.[2] A santificação do Filho é em favor da Igreja (Jo 17.19). A Obra de Cristo é o fundamento de nossas orações e da santidade da Igreja. “A verdadeira santidade de todos os verdadeiros cristãos é fruto da morte e ressurreição de Cristo, pela qual o dom do Espírito Santo foi adquirido. Ele ofereceu-se a si mesmo por Sua Igreja para santificá-la”, exulta Henry (1662-1714).[3]

A Palavra de Deus demonstra que por meio da única e suficiente oferta de Cristo, fomos santificados: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas (…). Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.10,14). “…. Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hb 13.12).

            Cristo se entregou a fim de que sejamos santos. Ele não se limitou a exigir isto de nós. Cristo se entregou para que este propósito fosse possível e, de fato, real. Entre a realidade terrível de nosso pecado e um alvo, que poderia ser etéreo, Cristo se entrega por nós para que a nossa realidade seja transformada, cumprindo assim, o seu propósito de santificação em nós. Jesus Cristo tornou-se também, para nós, o exemplo perfeito de santificação, o qual devemos perseguir (Hb 12.2/1Pe 2.21; 1Jo 2.6).[4]

            Em outro lugar, Paulo declara: “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.25-26. Veja-se: Tt 2.14).

            Por isso, escrevendo à Igreja de Corinto o apóstolo pôde dizer: “À Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus” (1Co 1.2).

Maringá, 17 de maio de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 


[1] Os próximos parágrafos deste capítulo foram extraídos, com ligeiras modificação, do meu livro, Efésios – O Deus Bendito, São Paulo: Cultura Cristã, 2010.

[2] “Eu e vocês só podemos ser santificados porque a encarnação é um fato; só podemos ser santificados porque o sofrimento e a morte, a ressurreição e a vida ressurreta do nosso Senhor foram, todos, fatos. Não devemos deixar fora nem um só passo; não somos santificados só pelo Senhor ressurreto, sua morte foi igualmente essencial, e assim o foi também a encarnação” (D.M. Lloyd-Jones, Santificados Mediante a Verdade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, (Certeza Espiritual, v. 3), 2006, p. 47).

[3]Matthew Henry, Comentário Bíblico de Matthew Henry, 5. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2006, (Jo 17.17-19), p. 878.

[4]“Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2). “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1Pe 2.21). “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6).

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