Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (46)

5.1. Uma oração intercessória pelos crentes

A oração de Jesus Cristo é a favor de seus discípulos de todos os tempos. Devemos destacar que quem está orando é o Filho de Deus. O Filho eterno de Deus ora por nós. Ele está atento às nossas necessidades e ao cumprimento de suas promessas em nossa vida.[1]

Notemos também que aqueles discípulos mais imediatos já receberam a Palavra e a guardaram (6-8). Agora o Senhor ora para que eles não se detenham aí, antes, prossigam em santificação. O receber a Palavra é o começo, é o fundamento da vida cristã, contudo, não podemos terminar nesse ponto. Aliás, quem recebe a Palavra, prossegue em santificação.

A Palavra de Deus demonstra enfaticamente que a nossa salvação não é um fim em si mesma, antes é o início da vida cristã, por meio da qual nos tornamos filhos de Deus e progredimos em santificação até a consumação de todo propósito de Deus em nossa vida.

Devemos estar atentos para o fato de que a salvação (justificação, regeneração, união com Cristo), não é a linha de chegada da vida cristã; antes, é o ponto de partida. Nós não nascemos espiritualmente “acabados”,[2] antes, fomos gerados espiritualmente para o nosso crescimento, amadurecimento completo.

O perdão indica a nossa restauração, para que possamos agora, neste estado de convalescência, nos alimentar da Palavra em oração, nos fortalecendo espiritualmente. O Deus que nos regenera é o mesmo que nos preserva saudáveis nesta nova vida.[3]

Lloyd-Jones (1899-1981) exorta-nos quanto a isso:

Cristianismo não é você parar na conversão e no conhecimento de que os seus pecados estão perdoados, e, então, contentar-se com isso pelo resto da vida; cristianismo é ingressar e desenvolver-se rumo à medida da estatura da plenitude de Cristo. Precisamos desenvolver nossas mentes e nossas faculdades, se é que desejamos tomar posse disso. Se nos contentamos com menos que isso, não passamos de crianças em Cristo, e somos indignos deste glorioso evangelho.[4]

Maringá, 15 de maio de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] “Não há nada que seja mais importante do que compreendermos o fato de que o nosso Salvador é o Filho eterno de Deus, que Ele orou por nós na terra, e que neste momento Ele está intercedendo por nós à destra da glória e do poder de Deus no céu” (D.M. Lloyd-Jones, Crescendo no Espírito.  São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2006 (Certeza Espiritual: v. 4), p. 172).

[2] “O novo nascimento não produz o produto acabado. A nova coisa nascida de Deus acha-se tão longe de estar completa como o bebê recém-nascido uma hora atrás. Esse novo ser humano, no momento em que nasce, é colocado nas mãos de poderosas forças modeladoras que em grande medida determinarão se ele será um cidadão correto ou um criminoso. A única esperança para ele é poder escolher mais tarde as forças que o modelarão, e,  pelo exercício do seu poder de escolha, colocar-se nas mãos certas. Nesse sentido ele se modela a si próprio, e finalmente é responsável pelo resultado” (A.W. Tozer, O Poder de Deus, 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1986, p. 115).

[3] Vejam-se algumas boas analogias sobre a justificação  e a santificação em Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos, 2003, v. 2, p. 606-607.

[4] D.M. Lloyd-Jones, As Insondáveis Riquezas de Cristo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992), p. 254. Do mesmo modo, veja-se: J.C. Ryle, Santificação, São José dos Campos, SP.: Fiel, 1987, p. 39.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *