Eu lhes tenho dado a tua Palavra (Jo 17.1-26) (101)

Cada um de nós que foi alcançado pela graça de Deus, tornou-se um instrumento de testemunho da bendita salvação, a fim de que o povo de Deus seja salvo (Rm 10.14-17/At 18.9-11).[1]

A Igreja é chamada para fora do mundo a fim de invadir o mundo com a pregação do Evangelho (Mt 5.14-16; Mc 16.15-16; At 1.8; 1Co 9.16).[2] A eleição eterna de Deus, inclui os fins e os meios.[3] Os meios de Deus são infalíveis porque Deus também o é.[4] Nós somos o meio ordinário estabelecido por Deus para que o mundo ouça a mensagem do Evangelho.     
Ridderbos (1909-2007), diz acertadamente que “A igreja é o povo que Deus separou para Si em sua atividade salvífica, para que mostrasse a imagem de sua graça e sua salvação”.[5]

Portanto, quando levamos o Evangelho a todos os homens, cumprindo prazerosamente parte de nossa missão, estamos de fato demonstrando o nosso amor pelo nosso próximo, desejando que ele conheça a Cristo e, segundo a misericórdia de Deus, se arrependa e creia.[6]

Como bem observou Kuiper (1886-1966): “A eleição requer a evangelização. Todos os eleitos de Deus têm que ser salvos. Nenhum deles pode perecer. E o evangelho é o meio pelo qual Deus lhes comunica a fé salvadora. De fato, é o único meio que Deus emprega para esse fim”.[7](Ef 1.13).[8]

O meio ordinário de Deus agir é chamando, persuadindo e congregando o seu povo por intermédio do seu povo. Em outras palavras, nós somos instrumentos, “elos vitais” no desenvolvimento do propósito salvífico de Deus, proclamando a sua Palavra de salvação.[9] Deus opera por meio da sua Palavra, a qual compete à igreja anunciar em submissão ao Espírito, suplicando-lhe discernimento.

Spurgeon (1834-1892) acentuou: “Nós nunca conheceremos nada enquanto não formos ensinados pelo Espírito Santo, que fala mais ao coração do que ao ouvido”.[10]

Maringá, 20 de julho de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]“Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.14-17). “Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (At 18.9-11).

[2]Vejam-se: Michael Green, Estratégia e Métodos Evangelísticos na Igreja Primitiva: In: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São Paulo;  Belo Horizonte, MG.: ABU;  Visão Mundial, 1982, p. 67-68 *p. 55-73 e Bruce L. Shelley,A Igreja: O Povo de Deus, São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 127.

[3] Confissão de Westminster,(1647),III.6. Ver também: R.C. Sproul, Eleitos de Deus, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 190.

[4]“Os muitos meios para o fim de salvar cada um dos eleitos são tão eficazes que terminam sempre em resultados bem-sucedidos. Os meios são infalíveis porque Deus é infalível” (R.K. McGregor Wright, A Soberania Banida: Redenção para a cultura pós-moderna, São Paulo: Cultura Cristã, 1998, p. 143).

[5] Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apóstol Pablo, Buenos Aires: La Aurora, 1987, v. 2, § 53, p. 9.

[6] John Stott destacou este ponto ao declarar em 1974: “A Grande Comissão não explica ou esgota, nem supera o Grande Mandamento. O que ela faz, na verdade, é acrescentar ao mandamento do amor e serviço ao próximo uma nova e urgente dimensão cristã. Se de fato amamos o nosso próximo, não há dúvida de que lhe diremos as boas novas de Jesus” (John R.W. Stott, A Base Bíblica da Evangelização: In: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São Paulo;  Belo Horizonte, MG.: ABU;   Visão Mundial, 1982, p. 37). De igual modo: John R.W. Stott, A Missão Cristã no Mundo Moderno, Viçosa, MG.: Ultimato, 2010, p. 34.

[7] R.B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica,p. 28.

[8]“Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1.13).

[9] Veja-se: J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus,p. 66-67.

[10]C.H. Spurgeon, Firmes na Verdade, Lisboa: Peregrino, 1987, p. 72. Vejam-se também, conforme já citado: João Calvino, Exposição de Romanos,(Rm 10.16), p. 374; J. Calvino, As Institutas,III.24.2.

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