Diáconos e Presbíteros: Servos de Deus no Corpo de Cristo (33)

5.2. Ser discípulo de Cristo

 

 “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos (maqhth/j), houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. (…) 3Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço” (At 6.1,3).

 

O que está pressuposto no texto é que todos os membros da igreja devem ser discípulos de Cristo. Não se cogita a existência de um membro nominal sem nenhuma vinculação com o Mestre. O discipulado pressupõe a existência de um mestre a quem seguimos. O discipulado não se resume a uma mera confissão oral, por mais corretamente doutrinariamente que ela seja, mas, além disso, requer atos de obediência.[1]

 

O discipulado cristão envolve a necessidade de uma avaliação de seus privilégios e responsabilidades. Jesus Cristo não deseja discípulos enganados ou iludidos. Ele é extremamente objetivo em seu chamado. (Mc 8.34).[2]

 

Os diáconos, portanto, seriam escolhidos pela Igreja, entre os seus membros, entre os discípulos de Cristo. O diaconato não pode ser terceirizado. Também, os diáconos não são crentes meramente “nominais” que apenas estão no meio de um grupo considerado de discípulos. As próprias qualificações exigidas vão indicar o seu discipulado. A escolha do diácono nunca pode ser uma questão política ou social, antes, é teológica e espiritual. A vida espiritual do escolhido acompanhada do seu testemunho, conforme veremos, se constituem em aspectos essenciais e, por isso mesmo, não negociáveis.

 

Os diáconos servem à Igreja como, na realidade são, servos de Cristo. No segundo século, Inácio (30-110 AD), bispo de Antioquia da Síria, em carta endereçada à Igreja de Trales,[3] instruiu: “Os que são diáconos dos mistérios de Jesus Cristo agradem a todos em tudo. Pois não é de comidas e bebidas que são diáconos, mas são servos da Igreja de Deus”.[4]

 

5.3. Ter boa reputação

 

“Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação (At 6.3).

 

O diácono precisava ter o reconhecimento e testemunho público de uma vida digna. Ele trataria com situações delicadas envolvendo necessidades de irmãos, dinheiro, alimento e bens da igreja. Não deveria pairar suspeita sobre ele, sobre a sua conduta. (Vejam-se comparativamente: At 10.22; 16.2; 22.12 1Tm 5.10; Hb 11.2,4). Um homem conhecido por sua desonestidade, com pendências que o desabonassem, não estaria qualificado para o diaconato.

 

Maringá, 09 de agosto de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

 


[1] Veja-se: Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, 2. ed. São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1984, p. 20

[2]Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).

[3] Cidade que distava uns 50 km de Éfeso.

[4]Inácio, Carta aos Tralianos, 2. In: Cartas de Santo Inácio de Antioquia, 3. ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1984, p. 58.

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