A Pessoa e Obra do Espírito Santo (477)

3. Encher-nos do Espírito  

        “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

       “O enchimento do Espírito é essencial à genuína qualidade cristã em nossa vida”, ressalta Jones.[1] Por sua vez, o conhecimento da vontade de Deus é responsabilizador (Lc 12.47/At 22.14-15).[2]

            Paulo estimula a igreja a usar positivamente a sua capacidade de raciocínio a fim de compreender a vontade de Deus; de aplicar à sua existência os ensinamentos de Deus.

            Uma vida autenticamente cristã produz seus reflexos em todas as áreas da nossa existência e da sociedade. Apenas para evidenciar alguns indicativos apresentados por Paulo, mencionamos:

   3.1. Comunhão santa (Ef 5.19)

  “Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais” (Ef 5.19);

            A nossa comunhão não é partidária: contra ou favor do pastor, do Conselho, ou dos Diáconos. É antes, gerada pelo Espírito, manifestando-se numa conversa santa que produz a edificação mútua (Cl 3.16/Ef 4.29; Tt 2.8/Sl 141.3/Cl 3.8). Aqui temos o intercâmbio de pensamentos, sentimentos e desejos que se manifestam num louvor santo.[3]

            “Quando o Espírito de Deus está presente, os crentes amam-se uns aos outros e não há lutas entre nós, a não ser a luta que cada um tem, por desejar amar cada vez mais”, acentua Spurgeon (1834-1892).[4]

            O mesmo Espírito que nos abençoa, orienta-nos em nossa adoração, a fim de que ofereçamos a Deus “hinos e cânticos espirituais” (Ef 5.19), conforme acentuou Old (1933-2016): “Os hinos e salmos que são cantados na adoração são músicas espirituais, isto é, elas são as músicas do Santo Espírito (Atos 4.25; Ef 5.19)”.[5] (Ver: Cl 3.16).

3.2. Louvor sincero

Paulo nos mostra que o cântico é uma expressão da adoração cristã marcada pela plenitude do Espírito Santo. Mais: A genuína adoração é operada pelo Espírito Santo em nós. O mesmo Espírito que falou através de Davi, inspirando-o a escrever, é o que nos ilumina na adoração a Deus (At 4.25):[6] “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos (yalmo/j), entoando e louvando de coração ao Senhor, com hinos (u(/mnoj) e cânticos (%)dh) espirituais”(Ef 5.18-19).

Maringá, 08 de maio de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa



[1] David M. Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo, p. 311.

[2]“Aquele servo, porém, que conheceu a vontade (qe//lhma) seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites” (Lc 12.47). “Então, ele disse: O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu para conheceres a sua vontade (qe//lhma), veres o Justo e ouvires uma voz da sua própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das coisas que tens visto e ouvido” (At 22.14-15).

[3]Ver: Charles Hodge, “Epistle to the Ephesians,” The Master Christian Library, Version 8 (CD-ROM), (Albany, OR: Ages Sofware, 2000), (Ef 5.19), p. 205.

[4]C.H. Spurgeon, Firmes na Verdade,p. 77.

[5]Hughes Oliphant Old, Worship: That Is Reformed According to Scripture,Atlanta: John Knox Press, 1984, p. 6.             Agostinho (354-430), comentando de forma belíssima o salmo 148, diz: “Sabeis o que é hino? É um cântico com louvor a Deus. Se louvas a Deus sem canto, não é hino. Se cantas e não louvas a Deus, não é hino; se louvas outra coisa não pertencente ao louvor de Deus, apesar de cantares louvores, não é um hino. O hino, pois, consta de três coisas: canto [canticum], louvor [laudem], de Deus. Portanto, louvor a Deus com cântico chama-se hino” (S. Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulus, (Patrística, 9/3), 1998, (Sl 148.17), v. 3, p. 1142).

[6]“Que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?” (At 4.25).

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