A Pessoa e Obra do Espírito Santo (340)

Algumas ponderações

  1. Mesmo sendo verdade que o crescimento da Igreja provém de Deus, não devemos nos esquecer de nossa responsabilidade: somos cooperadores de Deus, instrumentos por meio dos quais Deus realiza a sua obra: “Deus mesmo não desce do céu para nós, nem diariamente nos envia mensageiros angelicais para que publiquem sua verdade, senão que usa as atividades dos pastores, a quem destinou para esse propósito”, comenta Calvino.[1]
  • Paciência: Não há lugar para precipitação: Muitas vezes queremos ver o resultado imediatamente dentro do nosso cronograma e planejamento, no entanto, Deus age sempre no tempo certo. Deus não simplesmente age no tempo certo. O tempo está em suas mãos.

  Tiago orienta e consola: “Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador (gewrno/j) aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes, e fortalecei os vossos corações, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.7-8).

  • Lembremo-nos sempre: a Igreja é de Deus, devemos trabalhar, orar e zelar por ela. No entanto, não somos donos dela.
  • “É da inveja que nascem as disputas, as quais, uma vez inflamadas, se prorrompem em seitas perigosas. Além do mais, a ambição é a mãe de todos estes males”, interpreta Calvino.[2]
  • Toda Glória ao Senhor.

Tyler (1783-1858) faz um comentário pertinente:

Nossa força é fraqueza. Podemos pregar até a hora da nossa morte, mas se o Espírito não for derramado do alto, nossa pregação não resultará na conversão de uma única alma. Se nosso trabalho alcançar algum sucesso é porque Deus deu o crescimento. Aqueles que abraçam o evangelho são “nascidos, não da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Portanto, quando Deus coloca honra sobre o nosso ministério e faz uso de nós como instrumentos para o crescimento do Seu reino, que não fiquemos orgulhosos. Outrossim, não roubemos a glória que é devida ao Seu nome, nem atribuamos o nosso sucesso a nenhuma sabedoria, habilidade ou santidade da nossa parte. Devemos colocar a coroa sobre a cabeça do nosso Redentor e sentir que não somos nada. E que a linguagem sincera e piedosa dos nossos corações seja “não a nós, não a nós, mas ao Teu nome damos glória por amor à Tua misericórdia e à Tua verdade” (Sl 115.1).[3]

  • Não há diferença qualitativa entre os serviços que prestamos a Deus. O que nos distingue de fato, é se obedecemos, ou não, aos seus mandamentos. Não será cobrado dos dedos dos pés as múltiplas funções de nossos dedos das mãos. Porém, se os dedos dos pés não auxiliarem o corpo no seu equilíbrio, é bastante possível, acidentalmente, quebrar os dedos das mãos, o braço e outras parte do corpo.
  • Todas as coisas pertencem a Deus. Nós somos de Cristo, herdeiros com Ele e por Ele, de todas as coisas. Desta forma, devemos viver de tal modo que o Senhor se agrade de nós.
  • Todos somos servos: “Qualquer que seja a posição de um homem dentro de uma igreja, e qualquer que seja o poder que ostente, ou o prestígio de que usufrui, segue sendo um servo de Cristo”, exorta-nos Barclay (1907-1978).[4]
  • Os talentos que Deus graciosamente nos concedeu devem ser usados para sua glória, não a nosso bel-prazer.
  1. Não sejamos precipitados em nossos juízos, somente Deus pode julgar e, de fato o faz, com justiça.
  1. Ainda que sejamos injustiçados, devemos permanecer perseverantes em nossa obediência a Deus: Ele mesmo julgará todas as coisas no momento certo, com justiça e fidelidade.
  1. Hoje é o tempo de glorificar a Deus. Atentemos para exortação de Veith Jr:

A nossa vocação já está aqui, onde nós estamos e no que estamos fazendo agora. (…) Os cristãos precisam compreender que o presente é o momento no qual você é chamado a ser fiel. Não podemos fazer nada em relação ao passado. O futuro está totalmente nas mãos de Deus. Agora é o que temos.[5]

Maringá, 12 de novembro de 2021

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1997, (1Tm 3.15), p. 97.

[2]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 3.3), p.100.

[3]Bennet Tyler, Eleição: incentivo para pregar o evangelho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, (s.d.), p. 19.

[4] William Barclay, 1 y 2 Corintios,Buenos Aires: La Aurora, 1973, p. 49.

[5] Gene Edward Veith, Jr., Deus em Ação, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 46,47.

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