A Pessoa e Obra do Espírito Santo (324)

9) “Não cobiçosos de sórdida ganância” (Continuação)

O piedoso Asa, rei de Judá, em situação difícil por causa das guerras constantes contra Israel, compra a lealdade de Ben-Hadade, rei da Síria, em oposição a Baasa, rei de Israel:  

19 Haja aliança entre mim e ti, como houve entre meu pai e teu pai. Eis que te mando um presente (dx;v;) (shahad), prata e ouro; vai e anula a tua aliança com Baasa, rei de Israel, para que se retire de mim.  20 Ben-Hadade deu ouvidos ao rei Asa e enviou os capitães dos seus exércitos contra as cidades de Israel; e feriu a Ijom, a Dã, a Abel-Bete-Maaca e todo o distrito de Quinerete, com toda a terra de Naftali (1Rs15.19-20).  

Do mesmo modo procedeu o pragmático Acaz em relação à Tiglate-Pileser, rei da Assíria, quando se viu em apuros diante da Síria e de Israel:  

7 Acaz enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe e livra-me do poder do rei da Síria e do poder do rei de Israel, que se levantam contra mim.  8 Tomou Acaz a prata e o ouro que se acharam na Casa do SENHOR e nos tesouros da casa do rei e mandou de presente (dx;v;) (shahad) ao rei da Assíria (2Rs 16.7-8). 

O homem perverso tem prazer em torcer o juízo. Ele não se compraz no que é direito: “O perverso aceita suborno (dx;v;) (shahad) secretamente, para perverter as veredas da justiça” (Pv 17.23). 

Por meio de Isaías e Miquéias, Deus demonstra como no 8º século a.C., a moralidade tornara-se baixa em Israel, estando os príncipes, juízes e sacerdotes, todos agindo por interesses, corrompendo a prática da justiça:  

Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno (dx;v;) (shahad) e corre atrás de recompensas (~ynImol.v;) (shalmon) (suborno).1 Não defendem o direito do órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas (Is 1.23/Is 5.23).  

Os líderes além de só pensarem nos seus interesses, blasfemavam o nome de Deus, demonstrando nenhum respeito para com Ele e à sua Lei. Todo o sistema religioso e jurídico estava corrompido. Por intermédio de Miquéias Deus os descreve:  

Os seus cabeças dão as sentenças por suborno (dx;v;) (shahad), os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá (Mq 3.11).  

Aqui Deus está anunciando o cativeiro que viria se o povo não se arrependesse.  

O povo foi para o cativeiro:  

11O rei da Assíria transportou a Israel para a Assíria e o fez habitar em Hala, junto a Habor e ao rio Gozã, e nas cidades dos medos;  12 porquanto não obedeceram à voz do SENHOR, seu Deus; antes, violaram a sua aliança e tudo quanto Moisés, servo do SENHOR, tinha ordenado; não o ouviram, nem o fizeram  (2Rs 18.11-12). 

A prática do suborno confere ao homem a sensação de ser senhor da história. Na pressuposição de que todos têm seu preço, posso reger o meu destino. Assim, raciocina: O importante é descobrir o preço de cada um.  

Desse modo, meus recursos se constituem em meu deus por meio do qual manipulo quaisquer situações adversas. O meu poder de persuasão, sedução, barganha e compra é a minha lei. A soberania de Deus é banida. O seu trono e cetro me pertencem. Desta forma, pensa poder dizer: “As minhas mãos dirigem meu destino”. Fútil e perigosa ilusão. Deus continua no controle. Vê todas as coisas, e não se agrada dessa prática. 

O que Deus condena está tão bem sedimentado e, às vezes, até mesmo legalizado em nossa sociedade que nós já até consideramos tais práticas em nossos planejamentos e expectativas. Já ouviram falar em “custo Brasil”? 

Maringá, 19 de outubro de 2021. 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa 

 [1]Esta forma só ocorre aqui.

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