A Pessoa e Obra do Espírito Santo (321)

6) Ser respeitável

                                                                                                                                                        Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis (semno/j)” (1Tm 3.8).

            Semno/j (honestidade, dignidade, gravidade, seriedade, digno de respeito). (*Fp 4.8; 1Tm 3.8,11; Tt 2.2). Na literatura clássica a palavra era empregada para os deuses e as coisas divinas demonstrando a sua magnificência e majestade.

            O diácono deve ter um procedimento sério, nobre, digno de todo respeito e admiração, como resultado da submissão dos seus sentimentos e pensamentos a Deus. A palavra grega confere o sentido de graça, dignidade e honradez. A respeitabilidade aqui exigida combina de forma bela e harmoniosa a simplicidade com a nobre honradez.[1]

            Notemos que não seria o ofício que lhe conferiria isso. A respeitabilidade deve ser uma característica daqueles irmãos que a igreja deveria eleger. Por esse homem ter essa visível dignidade demonstrada em sua vida ao longo dos anos, é que poderia ser considerado como um candidato ao diaconato. Afinal, espera-se que o diácono exerça o seu ofício com honradez em todas as suas demandas.

            Somos acostumados a ver as pessoas serem consideradas dignas pelos cargos que ocupam. Por isso, possivelmente, lutaram tanto para determinadas posições. No entanto, estes esforços quase nunca vêm acompanhados do desejo de ter as qualificações morais e espirituais que tais ofícios exigem e, na realidade, deveriam ser qualificações prévias.

            Pessoalmente conheci alguns poucos irmãos tão nobres que acostumei-me a associar o seu caráter ao exercício de determinada função. Comigo pensava: Jamais cogitarei em exercer tal função. Fulano é uma pessoa extremamente nobre e capaz. Jamais estarei à altura. Com o passar dos anos, mesmo reconhecendo a graça de Deus na vida de tais irmãos, nunca me senti digno de tais posições.

            Entretanto, quando cargos e ofícios são barateados, o número de candidatos tende a aumentar justamente porque são levados a tal pensamento: Se fulano pode, eu também posso. Se até beltrano foi, por que não eu?…

            Retornando, destacamos que na literatura do segundo século podemos perceber que esse princípio – de honradez – continuou mantido e, devido à sua importância, recomendado.

            Inácio (30-110 AD), na referida carta aos Tralianos, diz que todos deverão “respeitar os diáconos como a Jesus Cristo”.[2] Em outro lugar, ordena: “Acatem os diáconos, como à lei de Deus”.[3]

            No Didaquê (c. 120 AD),[4] lemos:

Elegei, então, para vós mesmos bispos e diáconos dignos do Senhor, varões mansos e não amantes de dinheiro, verdadeiros e aprovados, porque também eles vos ministram os serviços dos profetas e mestres. Não os desprezeis, pois, porque são dignos de igual honra, como os profetas e mestres.[5]

Maringá, 19, de outubro de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Vejam-se: Richard C. Trench, Synonyms of the New Testament,7. ed. rev. enlar. London: Macmillan and Co. 1871, § xcii, p. 325-329; William Barclay, Palavras Chaves do Novo Testamento,São Paulo: Vida Nova, 1988 (reimpressão), p. 178-181.

[2]Inácio, Carta aos Tralianos, 3. In: Cartas de Santo Inácio de Antioquia, p. 58.

[3]Inácio, Carta aos Esmirnenses, 8. In: Cartas de Santo Inácio de Antioquia, p. 81.

[4]Obra amplamente aceita nos primeiros séculos da Era Cristã devido a sua pretensão – não verdadeira –, de ter sido redigida pelos apóstolos, daí o seu nome completo: Didaquê: Ensino do Senhor Através dos Doze Apóstolos.

[5] Didaquê, XV. In: J.G. Salvador, ed. O Didaquê, São Paulo: Imprensa Metodista, 1957, p. 76.

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